A Geopolítica do Nacionalismo Sionista e a "Doutrina da Grande Israel".
As questões políticas territoriais e religiosas do Oriente Médio, remontam aos períodos bíblicos e de disputas pelo controle de terras desérticas, mares territoriais, povos nômades, semi nômades e diásporas étnicas, até chegarmos as atuais fronteiras entre países e nações em conflitos seculares e até milenares.
O Oriente Médio é um território de ligação e passagens, entre os continentes, africano, europeu e da Ásia Ocidental, especificamente do Oriente Médio. Entroncamento de mares como: Mediterrâneo, Negro e Vermelho, além dos golfos Pérsico e Oman, que formam a península arábica.
Durante muitos séculos, há pelo menos 5 mil anos, essa região foi disputada e dominada por grandes civilizações que se tornaram impérios da antiguidade como: egípcios, sumérios, babilônios, assírios, fenícios, palestinos, filisteus, hebreus, caldeus, árabes, gregos e romanos, entre outros.
Um império submetia o outro aos seus interesses e lhes exploravam, escravizavam e estes eram historicamente obrigados a seguir a religião do dominador. Nesse campo religioso, além dos choques religiosos, existiam aqueles que passavam a seguir e cultuar diferentes deuses. Basta uma leitura rápida do Velho Testamento e veremos os próprios livros dos profetas,vem que condenam seus próprios irmãos por estarem adorando bezerros de ouro ou idolatrando outras divindades. O profeta Oséias (sec. VIII a.C.), é talvez um dos que mais criticas fez aos seus compatriotas israelitas.
Mas a ideia aqui é sabermos as origens históricas do sionismo que fundou o moderno Estado de Israel, tendo como base os territórios históricos da Palestina, berço de dominação estrangeira e também de religiões ditas monoteístas como o próprio judaísmo, cristianismo e islamismo.
Durante os séculos XIX e início do XX, o Oriente Medio esteve sobre o domínio britânico e francês, período em que as partilhas colônias eram disputadas em guerras violentas, que ocorreram durante todo o século XIX, em especial pelas nações do continente europeu.
Durante o século XX tivemos duas guerras mundiais e centenas de guerras regionais, dentre as quais, dezenas ocorreram no Oriente Médio. Nestas, as motivações eram políticas, territoriais, econômicas e religiosas, em especial, quando falamos de judeus, islamistas e cristãos.
Existem diferentes contextos para a ideia de sionismo, mas "é uma expressão de solo ou território, vinculado ao Monte Sião e as colinas de Jerusalém", também considerada a "Terra Prometida aos Hebreus". A principal argumentação sionista é garantir aos judeus a nação de Israel, com base nas antigas terras de Abraão e seus descendentes (Gênesis 15:18). Também conhecidas como "Terra prometida por Deus".
Gênesis (15:18), descreve a aliança de Deus com Abrão, prometendo a seus descendentes a terra desde o rio do Egito até o rio Eufrates. Essas terras eram conhecidas como a Palestina, e já eram ocupadas e habilitadas por dezenas de outros povos ou nações, incluindo os egípcios, queneus, quenezeus, cadmoneus, heteus, ferezeus, refains, amorreus, cananeus, assírios, girgaseus, entre outros, na região conhecida como Palestina, inclusive com dezenas de cidades já edificadas por esses povos, como: Jericó, Belém, Hebrom, Gaza, entre tantas outras.
Na Modernidade, a partir do século XIX, o sionismo foi se transformando em um movimento nacionalista com o objetivo de retorno dos judeus a região histórica da Palestina com o objetivo de criar um estado nacional israelense, conforme o livro de Gênesis do Velho Testamento.
Essa tendência se fortaleceu durante o período do Segunda Guerra Mundial, com o Holocausto nazista contra os judeus e politicamente, o sionismo se estabeleceu no Oriente Médio, especialmente com a criação do Estado de Israel em 1948, em territórios tradicionais do povo palestino e outras etnias mulçumanas, provocando, insatisfações, controvérsias e conflitos, principalmente devido à disputa territorial com o povo palestino, que além de perder seus territórios, não teve o reconhecimento do estado palestino, por falta de uma definição e delimitação territorial, além da disputa sobre a cidade de Jerusalém, considerada sagrada, para mulçumanos, cristãos e judeus.
Com esses conflitos, os grupos de judeus dos movimentos sionistas, imigraram para estas terras, delimitadas pela ONU, como Israel e, muitos judeus de origem britânica, francesa, germânica e dos EUA, com apoio militar dessas potências, foram formando esse país em territórios antes palestinos, que não aceitaram essa ocupação, o que gerou centenas de conflitos.
Com um poderio militar externo, os sionistas foram vencendo os conflitos e ampliando suas áreas, com a anexação de novos territórios. Na medida em que Israel ocupou novas áreas que não estavam previstas nas resoluções da ONU, as tensões e os conflitos foram se transformando em guerras regionais, sempre alimentadas e apoiadas por EUA, Britânicos e franceses. O Estado de Israel se transformou em um enclave geopolítico do imperialista capitalista no Oriente Médio.
Mas nas primeiras décadas do século XXI, quando alguns analistas acreditavam no fim da história e na completa dominação monopolista do capitalismo e suas grandes corporações, eis que ressurgem novas tendências nacionalistas e extremistas de direita, tanto na Europa Oriental, com a desintegração do Leste Europeu e o fim da União Soviética, quanto no Oriente Médio, com o fortalecimento do movimento sionista nacionalista de Israel e seus grupos ultranacionalistas e ultraconservadores, tendo como um dos seus líderes Benjamin Netanyahu e a doutrina do "Grande Israel", (Eretz Yisrael HaShlema)", em uma visão religiosa política que deseja reconstruir o que o Geógrafo Alemão Ratzel (1894), chamou de um "espaço vital", que de fato nunca existiu.
Ao levantar dados sobre o tema, se percebeu que o sionismo e o judaísmo são coisas diferentes. 1892, o jornalista húngaro Theodor Herzl, em seu livro "O Estado Judeu". Destacou: "A expressão sionismo Nathan Birnbau, Monte Sião, colina de Jerusalém, onde estava o templo de Salomão".
Como destaca o cientista Altmann (2023), na segunda metade do século XIX, passaram a surgir vários tipos de grupos sionistas: sionistas laicos, socialistas antisemitismo por dentro da Europa, daí o interesse em criar um estado Judeu. Vale destacar que na Europa a presença de minoria israelita, como sefaradis (ibérico), e os asquenais (Europa central e oriental, sempre geraram conflitos e xenofobia, em especial dos cristãos burgueses, que foram os perseguidores dos judeus (semitas, hebraicos e árabes) e a ideia de retorno ao Oriente Médio, para as antigas terras de Sião foram ganhando força.
O Estado Britânico pode ser considerado o berço para um sionismo revisionista, em que, interpretação favorece a inclusão do território do antigo Mandato Britânico da Palestina, incluindo a Transjordânia, que mais tarde se tornou a Jordânia e as fronteiras atuais, que em alguns contextos, representam a "Grande Israel" e pode ser usado para descrever o território do estado de Israel atual, incluindo os territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza.
Ou seja, o governo britânico, com apoio dos EUA, França, Alemanha e outros, alimentaram um ideal sionista em que é políticamente usado para descrever um ideal territorial ou político que o moderno Estado de Israel vai além das fronteiras atuais de Israel, o que incluiria nessa "Grande Israel", os atuais territórios de Gaza, Cisjordânia e as Colinas de Golam no Sul do Líbano.
Quando recorremos à história do Oriente Médio, existem registros em que Gaza é uma região muito antiga e envolvida
Em diversas questões territoriais. Nos últimos 75 anos, o termo está intimamente ligado à questão da soberania sobre a Cisjordânia e outros territórios ocupados por Israel, sendo frequentemente utilizado em debates políticos e históricos.
Existem diferentes pontos de vista, sobre o que exatamente constitui a "Grande Israel", com interpretações que variam desde as fronteiras bíblicas até as do Mandato Britânico, sobre aquele território. Mas usar uma dimensão territorial sem base na realidade e praticar crimes de genocídio e massacre de população civil para impor um domínio político territorial, ultrapassa os limites humanos.
O Estado Nação que hoje é reconhecido pela ONU, enquanto estado independente e soberano, não corresponde aos acordos diplomáticos de 1948. As prestações de uma Grande Israel, passando por cima do povo palestino, que não obteve a sua demarcação e reconhecimento, fere profundamente os princípios do Direito internacional.
Já são 77 anos de luta Palestina pelo reconhecimento do seu território e contra as invasões sionistas dessas áreas. A Cartografia desse longo processo histórico e geopolítico não mente prlos tons de verde, vemos a Palestina em 1946, em tom de bege vemos a expansão do Estado de Israel sobre is territórios palestinos em 1947, 1967, até 2010, quando para os palestinos restava apenas, fragmentos isolados e controlados por tropas israelenses.
Quando o Presidente Lula afirma que a ONU precisa ser reformulada, ele tem toda razão. Basta olharmos para o conflito mais longo após a Segunda Guerra Mundial, entre judeus e palestinos (1947-2023), que já dura 77 anos.
Desde a decada de 1930, que surgiu um Movimento Evangélico Cristão Sionista, britânico, baseado no Velho Testamento, que estimulava o retorno dos judeus para a região de Jerusalém, mas entre 1946 para 1848, depois da segunda guerra mundial e dos massacres nazistas aos judeus, começaram as grandes migrações de descendesntes judeus e ocupações dos territórios palestinos, principalmente de judeus vindos da Europa e dos Estados Unidos, com o intuito de criar um Estado de Israel no Oriente Médio. Sob alegações bíblicas do "Velho Testamento".
Esse Estado de Israel foi na verdade uma invenção cristã protestante ultra conservadora, com pouca base histórica, mas fortes interesses políticos e econômicos Norte-Anericanos no Oriente Médio.
Era o final da Segunda Guerra e os primeiros movimentos para, o que ficou conhecido como repatriação sionista, eram os primeiros movimentos geopolíticos da "Guerra Fria". Movimentos semelhantes ocorreram na Coréia e no Vietnã, além de ditaduras militares em várias partes do mundo.
A geoestrategia dos Estados Unidos era dividir para controlar. Os Britânicos e países da Europa Ocidental influenciados pela OTAN, adotaram a mesma estratégia em suas colônias rebeldes e que lutavam por independência.
Na região central europeia, a grande maioria dos países da Europa Oriental adotaram uma ampla aliança geopolítica com a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), pois o bloco havia libertado-os da sanha nazista, criando assim, uma forte aliança na Europa Oriental pró-Moscou.
Em 1946, o Reino Unido, com apoio Norte-Americano e no controle da recem criada ONU, movimentaram um acordo diplomático para criação de dois Estados na região de Jerusalém, uma que se chamaria Israel, para abrigar os judeus, perseguidos pelo nazifascismo de Hitler e Mussolini e o Estado da Palestina, em território que já era dos palestinos.
Nesse mesmo período, o governo Norte-americano e Britânico já movimentou descendentes de judeus dos seus países para ocuparem essa região, gerando os primeiros conflitos fortemente armados na região.
1947 foi o ano crucial, pois a ONU oficializou a divisão da Palestina e a criação dos Estados de Israel. Ato que não foi reconhecido e nem aceito pelos palestinos, mulçumanos e Árabes.
Desde então, várias guerras já eclodiram nessa região, sempre com o Estado de Israel, fortemente armado pelos Estados Unidos, ocupando os territórios palestinos e expandindo o Estado de Israel para além das suas fronteiras recém instaladas.
A superioridade bélica e militar de Israel, ao longo de décadas, provocou verdadeiros massacres e genocídio dos palestinos. Os interesses geopoliticos, econômicos e religiosos das superpotências do ocidente, deu a Israel, grande vantagem para se tornar uma nação, dentro do território palestino.
Essa sequência de mapas demonstra como era a região antes de 1946, pela cor verde, onde temos a área dos palestinos e pequenas manchas em bege, onde viviam povos judeus.
Em 1947, pelo plano da ONU, o Estado de Israel seria bem maior que a Palestina. Esse plano revoltou os palestinos, árabes, mulçumanos e egípcios, todos islamistas e anti sionistas.
Revoltas que passaram para as tensões, hostilidades, conflitos pontuais e guerras de fato. Umas com duração de semanas, meses e anos, que apesar de acordos de. Paz, nunca fora efetivamente cumpridos.
De 1949 a 1956, em diferentes guerras, Israel ocupou grandes extensões de territórios da Jordânia, Cisjordânia, Faixa de Gaza e Colinas de Golã, nas fronteiras com a Libano e Síria além das áreas sagradas dos cristãos e mulçumanos, dentro da cidade de Jerusalém.
Os palestinos se tornaram oprimidos dentro dos seus próprios territórios e todas as vezes em que o oprimido se levanta, acham que uma nova guerra está começando. Mas os palestinos sofreram a invasão dos seus territórios, desde 1946 e isso gera revoltas intermináveis que já duram mais de 75 anos.
Como os palestinos nunca reconheceram a criação do Estado de Israel, e consideram inversores, surgiram vários grupos e movimentos de resistência contra Israel. A OLP é a mais conhecida, existem grupos mais radicais, entre eles Hamas, ANP, Jhiradistas, Hesbolar, etc.
Dezenas de acordos e tratados de paz já foram tentados, mas todos apresentam grandes vantagens para Israel e perdas para os palestinos, ficando os conflitos sem solução.
Os Grupos de resistência islamista e palestinos são muitos, mas nunca foram suficientes para uma contraofensiva militar, capaz de expulsar os israelenses dos territorios palestinos ocupados.
Como podemos observar pelos mapas, de ocupação até 2010, a região foi se transformando em uma grande Israel, enquanto os palestinos ficaram restritos e exprimidos em três pequenas áreas (gaza, porções de Jerusalém e Ramalah, Cisjordânia).
O movimento mais forte de resistência em Gaza é o Hamas ( Movimento de Resistência Islamista e Palestina), que luta contra os judeus, desde 1987, sendo considerado um grupo terrorista e radical por países da OTAN, que sempre apoiaram Israel e financiam ofensivas contr o Hamas e outros de defesa palestina.
A Faixa de Gaza, ao longo de decadas, se transformou em um campo de concentração de civis palestinos. Muros e cercas de isolamento por todos os lados. O povo palestino vive oprimido e isolado, na faixa de Gaza, com pouca água e poucos recursos, dependendo de ajuda internacional e humilhação pelos judeus.
Os recentes ataques de 07 de outubro, contra tropas de Israel, assumido pelo Hamas, representam apenas, uma demonstração de que os oprimidos resistem e lutam pela reconquista dos seus territórios ocupados.
Esses ataques do Hamas, terão uma dura resposta israelense, pois esse Estado artificial é mantido militarmente pelos Estados Unidos com total apóio da OTAN, logo, seguiremos assistindo o massacre do povo palestino, como aconteceu nestes mais de 77 anos.
Nesse momento, compreendemos os limites de uma ONU que se curva aos interesses das grandes potências e, não consegue um estado mínimo de paz e de respeito a soberania territorial de um simples povo de tradições milenares.
Se os judeus foram massacres dos pelo nazifascismo da segunda guerra, em mais de 77 anos, e com o apóio direto das potências que lutaram contra Hitler e Mussolini, agora apóiam e praticam o mesmo massacre contra o povo palestino.
Fazendo uma analogia cartográfica e comparativa entre o Brasil, Palestina e Israel merece bossa reflexão:
O longo e sucessivo massacre do povo palestino pelos judeus, demonstra que, não aprenderam nada com o holocausto. A grande diferença é o tempo, pois a segunda guerra durou cerca de cinco anos e os conflitos na Palestina já dura quase um século.
Aqui não se tratade ser ante sionista ou antisemita. Pois é o pior caminho aseguir. Não podemos aceitar mais que povos se matem, pela falta de capacidade dos membros da ONU, em serem coerentes em tratar uma mesma questão com equidade.
Conflitos prolongados como esse, demonstram que a ONU é uma organização incapaz de cumprir seu principal papel, manter a paz entre as nações.
Por Belarmino Mariano, imagem das redes sociais.
Fontes:
ALTMAN, Breno, Opera Mundi, 21 de outubro de 2023.
MARIANO NETO, Belarmino. Geopolítica - 75 anos de Guerra entre Israel e Palestina. Guarabira/PB. https://radicaislivreseco.blogspot.com/2023/10/geopolitica-85-anos-de-guerra-entre.html?m=1, 07 de outubro de 2023.
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