"Ricardo Nunes Vs Guilherme Boulos"
Em suma: Boulos é um homem cuja biografia se inscreve no terreno das ideias e das lutas - não na contabilidade de cargos ou contratos. Seu currículo é o de quem produziu reflexão e ação social; é o de um intelectual que não se contentou em pensar o mundo, mas tentou transformá-lo.
Do outro lado, o empresário convertido em prefeito por acidente: Nunes é produto típico do pequeno empresariado ressentido que ascendeu com o bozismo municipalizado. Fundou um jornal de bairro e uma empresa de controle de pragas. Jamais teve carreira acadêmica, formação sólida ou contribuição intelectual. Sua “gestão” da cidade - se é que se pode chamar assim - é marcada por escândalos, obras sem licitação, terceirizações suspeitas e uma paralisia administrativa digna de nota.
Nunes não pensa a cidade, gere-a como quem cuida de um galpão de estocagem: calcula, terceiriza e empilha. A São Paulo que governa é uma metrópole reduzida à planilha, uma cidade sem projeto, sem imaginação e sem ética pública.
Interessante notar que quando Nunes chama Boulos de “radical”, o que emerge é o retrato invertido da própria ignorância. Radical não é aquele que pensa demais, mas aquele que não pensa - que repele a crítica como se fosse ameaça e não condição da democracia. Nunes é o radical da ignorância coroada pelo voto desinformado: o representante de uma “elite” municipal que celebra o anti-intelectualismo, teme o debate e confunde “pragmatismo” com grosseria.
Se há um radicalismo perigoso no Brasil contemporâneo, ele está justamente aí - na naturalização da incompetência e na canonização da mediocridade. O voto em figuras como Nunes não é apenas conservador: é reacionário no sentido cognitivo, uma forma de insurgência contra o pensamento.
Ao tentar zombar de Boulos, Nunes revelou o tamanho do próprio vazio. Sua “brincadeira” não foi apenas de mau gosto - foi uma confissão pública de mediocridade. O prefeito que nunca teve uma ideia relevante, uma obra exemplar ou uma política pública transformadora tenta ridicularizar o adversário justamente no campo onde mais fracassa: o da inteligência.
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