Governo do Brasil Vende 12 Aeroportos estatais

Aeroporto de Florianópolis - Diário Catarinense.

Por Belarmino Mariano Neto

O governo brasileiro tem muita pressa em se desfazer do controle de empresas brasileiras e de setores estratégicos da economia. No ultimo dia 16 de março, o Jornalista José Luis Aranda, diretamente de Madri, Espanha, publicou um artigo de economia no El País, com destaque para a Estatal espanhola que comprou o direito de administrar seis aeroportos no Nordeste do Brasil, por até 35 anos. Ou seja, enquanto os governos europeus buscam fugir do neoliberalismo e as empresas privadas estrangeiras catam empresas públicas valiosas fora dos seus países, o governo do Brasil adota o ultra-neoliberalismo e vende até Aeroportos,
Paulo Guedes esta agradando os investidores internacionais, sinal que as empresas brasileiras são lucrativas e vantajosas, pois rapidamente foram privatizados 12 aeroportos brasileiros. Nós já sabemos que todo o investimento feito nos últimos anos, pelos governos de Lula/Dilma, tornaram nossos aeroportos, extremamente moderno e com gigantesca capacidade de operação, com cerca de 20 milhões de passageiros por ano.
De acordo com Campos Neto (2012), o Brasil tem 67  aeroportos e todos eram administrados pela Empresa Brasileira Aeroportuária (INFRAERO), para o autor entre os anos de 2003 a 2011, houve uma expansão da capacidade de transporte em 152%, passando de 71 milhões para 179 milhões de passageiros. Vale ressaltar que para absorver esse crescimento os governos Lula/Dilma criaram o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) que revolucionou os aeroportos brasileiros, tanto os de fluxo domestico, regional e internacional.
Para o próprio Campos Neto (2012), entre 2003 e 2011, o governo brasileiro investiu mais de 7,3 bilhões de reais na melhoria dos nossos aeroportos, destacando-se dois grandes eventos internacionais que ocorreram no Brasil, como a copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos do Rio (2016). 
Além do fluxo normal de passageiros, estes dois eventos atraíram milhões de turistas. De acordo com o Jornal O Globo, os jogos olímpicos contaram com mais de 6,5 milhões de turistas. De acordo com o jornal A Maquina do Esporte, a Copa do Mundo 2014 atraiu mais de 6,4 milhões de turistas estrangeiros. Considere também a dinâmica interna com os voos domésticos e regionais, O Brasil fez pesado investimento em Aeroportos para serem vendidos ao preço de bananas.
Se o governo brasileiro acabou de vender os primeiros lotes aeroportuários do Brasil, foram 12 aeroportos, entre os quais, a AENA, empresa estatal espanhola, arrematou seis aeroportos do Nordeste (Recife/PE, João Pessoa-Bayeux/PB, Campina Grande/PB, Maceió/AL, Aracaju/SE e Juazeiro do Norte/CE), ou seja, a INFRAERO, empresa estatal do Brasil investe bilhões em seus aeroportos e agora o governo repassa para um estatal estrangeira o controle dos nosso aeroportos. Um pergunta fica no ar, como fica a AERONÁUTICA brasileira com esse pacote de negociações em setores estratégicos do nosso país.
Será que o governo Trump que apoia o neoliberalismo, também vai privatizar seus aeroportos, parece um negócio tão atrativo e rentável que os Estados Unidos, a China ou a Rússia poderiam ter tido a mesma ideia. Mas a inteligência veio de Paulo Guedes e foi aceita pelo atual presidente da República e sua equipe econômica e a ordem é vender tudo e ligeiro. Mas todos nós sabemos que vender a galinha dos ovos de ouro é meio que um tiro no pé.
O Brasil não vive seu pior retrocesso macroeconômico e os impactos negativos disso tudo serão sentidos por mais de 30 ou 40 anos, pois estamos diante de um governo entreguista. Reservas ambientais estão sendo privatizadas, EMBRAER foi privatizada, aeroportos estão sendo privatizados, em breve correios, bancos estatais e outros serviços básicos serão desmontados para que a grande onda do mercado engula nossa soberania. 
De acordo com o Portal G1, além da estatal espanhola, outras empresas estrangeiras ficaram com os outros aeroportos, sendo elas: Flughafen Zürich AG (Grupo Suiço), que arrebatou os aeroporto de Florianópolis/SC. A Fraport grupo empresarial alemão, arrebatou os Aeroportos de Porto Alegre e Fortaleza. O Grupo francês Vince, arrebatou o Aeroporto de Salvador/BA.
O Interessante desse grande negócio é que não vimos impacto de vendas para os aeroportos do Norte do Brasil, provavelmente a INFRAERO ficará na administração dos aeroportos da região amazônica, poucos passageiros e grandes riscos. Mas é assim mesmo, em leilões os compradores se interessam pelo que possa ser mais rentável. Isso só comprova a minha tese, mercadorias boas e muito baratas podem ser de origem duvidosa, como no caso do Brasil um país economicamente solido, a venda apressada e a entrega do patrimônio estatal é uma coisa desse governo, que retira da soberania nacional a coisa mais importante de um país, sua perspectiva patrimonial futura, entregue em mãos estranhas, sedentas por lucros imediatos e nos tempos ruins, se preparem para situações como as que a Vale do Rio Doce tem nos reservado, explorar o quanto puder e deixar os problemas como bombas de lama, nas mãos do próprio governo e Estado, que não estão nem aí para os desastres dessas empresas estrangeiras.
Quando falamos em privatizar um aeroporto por 30 anos, com todos os seus equipamentos ali embutidos, significa que existe um excelente negócio sendo feito, pois um aeroporto é um grande shopping center do não lugar, movimentando um gigantesco fluxo de milhões de pessoas todos os anos, considere, estacionamentos, lanchonetes, restaurantes, bancas de revistas, sistemas de informações privilegiados, redes hoteleiras associadas, empresas de translado. A vida de milhões de pessoas, predominantemente de classes A e B que já estão em operação e que deixaram de ser explorados pela empresa Estatal brasileira e passará as mãos dessas corporações internacionais.
Aqui no Nordeste existe uma expressão que é: "enfeitar a boneca para o outro brincar". Foi assim, os governos do Lula/Dilma investiram mais de 8,6 bilhões em uma década, nos nossos aeroportos, para Bolsonaro em menos de três meses de governo, vender por 4,7 bilhões para estas empresas estranhas explorarem esse estratégico setor, por mais de 30 anos.
Vale registrar que todas estas fontes de pesquisa aqui utilizadas, estão radiantes com esse negócio, pois como empresas privadas de comunicação, todas com uma linha editorial neoliberal, apoiam o desmantelamento do Estado brasileiro e quando um governo se dobra as vontades e chantagens do mercado, de fato o governo se mostra fraco, incompetente e entreguista.

Fontes de pesquisa:

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/03/15/economia/1552664297_148423.html
https://maquinadoesporte.uol.com.br/artigo/copa-do-mundo-impacta-em-84-o-turismo-no-brasil-em-2014_28689.html
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/radar/120314_radar18_cap5.pdf
https://oglobo.globo.com/economia/com-olimpiada-brasil-teve-recorde-de-turistas-estrangeiros-em-2016-20725937
http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2017/09/novo-terminal-do-aeroporto-de-florianopolis-sera-quatro-vezes-maior-do-que-o-atual-9914446.html

https://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/conheca-os-grupos-que-vao-assumir-as-concessoes-de-4-aeroportos-no-brasil.ghtml

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