Geopolítica no Oriente Médio - Israel, Faixa de Gaza e Irā.

Por Belarmino Mariano"

Os EUA, Reino Unido e França são os suportes militares e econômicos para Israel no Oriente Médio, há décadas isso fortalece o controle geopolítico e econômico destas potências na região. 

Na quinta-feira, 12 de junho, Israel atacou base de energia nuclear e refinaria de petróleo iraniana. Na sexta-feira 13 de junho, o Irã testou um missel hipersônico contra Tel-Aviv com sucesso total, lançou misseis em milhares de drones e deixou a noite em Israel clara como o nascer do Sol, além de derrubar dois cassas  F-35 israelenses. 

Agora, depois dos estragos o governo Israelense se queixou dos ataques sofridos e espara que o mundo se volte contra o Irã. Entenda como Mundo, os Estados Unidos e a OTAN. Será que Israel tem o direito de reclamar, depois do genocídio de mais de 60 mil palestinos em Gaza, principalnente crianças e mulheres, além do bloqueio (alimentos, água e medicamentos) da ajuda humanitária?

O governo de Israel, que deveria querer a paz e gerar confiança e equilíbrio entre os países  vizinhos, faz exatamente o contrário, sempre cumprirndo a missão de praticar o jogo sujo destas potências, que exploram o petróleo e o gás nos diferentes territórios. Para tanto, aumentam as tensões, os conflitos e o caos constante.

Uma coisa é atacar Grupos Revolucionários de Libertação como o Hamas ou Hezbollah. Atacar civis indedesos como mulheres,  crianças e idosos. Atacar jornalistas e representantes da ONU e da Cruz Vermelha. Outra coisa é atacar frontalmente um país fortemente armado, mas sabemos que o Irã evita ao máximo entrar em uma guerra. Mas foi exatamente isso que Israel fez contra o território iraniano e, manter esse conflito geopolítico, seja a única e talvez a última maneira de manter Benjamin Netanyahu e o próprio Donald Trump no poder.

Desde 2021 que os conflitos entre Israel e Palestina se intensificaram e aumentou a violência a quase 1 ano, gerando genocídio contra o povo palestino em Gaza, na Cisjordânia, Sul do Líbano e contra o Irã. Na última sexta-feira, Israel desferiu ataques contra bases iranianas, que respondeu com o lançamento de centenas de mísseis e drones, contra diversas cidades de Israel, incluindo Tel-Aviv, Haifa e Jerusalém, entre outras.

Os ataques israelenses contra Gaza, com registros internacionais de genocídio, tem mobilizado o mundo inteiro contra o governo de Israel e diante de um desgaste mundial e da impunidade, pois conta com o apoio e interesse de potências como: EUA, Reino Unido e França  mantém o caos geral na região para tirar vantagens políticas e econômicas, como a elevação dos preços do petróleo.

Quando o presidente da República Islâmica do Irã Masoud Pezeshkian respondeu aos ataques israelense com um grande poder de fogo, com lançamentos de mísseis simultâneos que durou por toda a noite de sexta-feira e ao sábado continua nestes dias, o mundo e as grandes potências de apóio a Israel, começaram a entender que o Irã não está para brincadeiras e para sofrer provocações constantes.
Talvez, muitos nem tenham noção, mas um míssel hipertônico, custa cerca de 500 mil reais, com uma tecnologia que custou milhões. Quando ele entra na atmosfera, pode atingir a velocidade de 10 mil Km/h, rasgando o céu do Oriente Médio, leva em média 15 minutos para cair em território de Israel ou do Irã. 

Para impedir essa queda e interceptar um míssel carregado com uma orgiva, Israel gasta cerca de 2,5 milhões de reais. Ou seja, além das vidas e da destruição mútua, estão sendo gastos milhões em cada ataque. Quem mais lucra com isso, são os EUA, pois 36% do seu PIB é voltado para investimentos militares.

Os ataques do Irã contra o território de Israel, fizeram as 
sirenes tocarem por todo o país. E quando os mísseis começaram a atingir as cidades como Tel-Aviv, as pessoas entraram em desespero total. Os abrigos ficaram lotados e as explosões, seguidas de destroços e destruição, deixaram todos assombrados. Parece que o "famoso dome de ferro", escudo de proteção em Israel, não deu a proteção que deveria.

Durante a madrugada de sexta para sábado, o governo israelense afirmou que todo o território estava sob ataque, o que deixou o mundo sob aviso, da iminente guerra entre essas duas potências. Uma coisa é certa, alguém tinha que deter Israel e agora, temos um país e um exército, que poderá lutar entre si.

Os dois governos admitiram a destruição e morte de militares e civis. Se a operação israelense atingiu o programa de energia nuclear do Irã, a resposta foi imediata e também causou grandes estragos ao Estado de Israel que seguia com suas atrocidades contra o povo palestino e agora, sentiu o peso e brutalidade militar iraniano.

Ainda não existe uma clara definição dos estragados, mas as relações internacionais foram completamente abaladas. A própria economia foi atingida de cheio, provocando instabilidade nos preços do petróleo e gás, além de espaço aéreo e fronteiras dos demais países sob completa tensão e alerta máximo de que o conflito possa se intensificar e se ampliar para outros países.

Como existe uma distância de quase 2 mil quilômetros entre os dois países, o que predomina é uma guerra aérea, com uso de tecnologias híbridas como drones, escudos de defesa e lançamentos de mísseis a partir de porta-aviões.

Do outro lado do mundo, a Rússia e a China convocaram uma reunião da ONU para condenarem o ataque de Israel à base de energia nuclear do Irã. Para piorar as tensões, o governo do Irã, avisou aos governos Norte-americano, do Reino Unido e da França, que se continuarem dando suporte a Israel, seus negócios e interesses serão retaliados em todo o Oriente Médio.

Em entrevista, o governo de Israel informou que o ataque contra o Irã foi para impedir o desenvolvimento de armas nucleares, mas isso é uma farsa, pois o Irã não produz arnas nucleares. Na verdade quem tem essas armas é Israel, que segundo analistas de geopolítica, são de 75 a 140 ogivas nucleares. Ao contrário de Israel, o Irã é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), enquanto Israel nunca assinou e boicotou esse importante tratado.


O Estado de Israel sentiu, pela primeira vez, o peso militar iraniano, pois a defesa antiaérea falhou em centenas de pontos e seus contra-ataques foram interceptados pelo o Irã. Imagens de aviões de ataque israelenses sendo derrubados em solo do irã, mísseis atingindo o Ministério da Defesa de Israel e destroços por dezenas de cidades em Israel, demonstram o tamanho dos estragos. A tecnologia dos drones militares iraniano e os mísseis ultrasónicos, estão deixando Israel completamente vulnerável.

Uma das cenas mais chocantes foram os próprios israelenses filmando os milhares de drones e mísseis entrando no espaço aéreo de Israel, como se fosse uma chuva de gafanhotos e em seguida, os estrondos, o fogo e a destruição por todos os lados. Quando um míssel hipersônico lançado pelo o Irã atingiu Tel Aviv, todos ficaram em pânico.

A resposta militar do Irã, que era subestimada por analistas das grandes potências aliadas e financiadoras de Israel, pegou ou deixou muitos países assustados. Pois todos sabem que se essa guerra ganhar força, será muito difícil invadir o Irã  ou parar a guerra, pois suas fronteiras montanhosas, suas fronteiras montanhosas, seus desertos e seus domínios marítimos com o golfo de Oman e Pérsico, são quase que totalmente impenetráveis. 

Conforme o mapa, o Irā é um território de difícil acesso geopolítico, com cadeias montanhosas no Oeste (verde) e no Norte e dois grandes desertos na região central. A montanha de Zagros ao Oeste, semelhante as montanhas rochosas no Oeste dos EUA, protege o Irā em relação aos ataques vindos do Oriente Médio e golfe Pérsico. 
Ao Norte do Irã temos a fronteira com Azerbaijão, Turkmenistão,  Mar Cáspio, a montanha de Alburz, grande froteiteira natural em que estratégicamente se encontra a Capital Teerã, protegida pela sua geografia física e por fortes bases militares.

Os desertos de Kavir e Lut na região central (bege), são de difícil acesso até mesmo pelo Irā e lá existe um rígido controle de operações militares. Não queira enviar tropas para um lugar onde as temperaturas diárias podem ultrapassar os 70 graus.

Ao Leste, na grande fronteira com o Afeganistão mais montanhas que mesmo menores, se encontram com os desertos de Lut e Kavir, blindando o Irā de possíveis invasões por terra. Uma das motivações dos EUA em invadir o Afeganistão era monitorar de perto essa fronteira, mas em 14 anos de ocupação, perceberam que seria suicídio, entrar nesse "campo minado".

Diferente do Iraque e do Afeganistão, que os Estados Unidos, França e Reino Unido, conseguiram penetrar com certa facilidade, na famosa "guerra contra o terror", entre 2002, passando pela "primavera árabe", ainda continua, mesmo depois de 2018, quando as tropas dos EUA, França e Reino Unido, se retiraram do Afeganistão sem grandes conquistas. 

No território iraniano, não será tão fácil penetrar com tropas, pois além de ser fortemente armada, com uma guarda revolucionaria com mais de um milhão de militares, muito bem treinados. A Geografia física, as armas tecnológicas e possíveis aliados como Rússia, China, Coreia do Norte e outros inimigos de Israel do Oriente Médio, que poderão aproveitar o os ataques do Irā, para ganharem posições contra Israel.

Por tanto, podem ter cutucado a cobra com uma vara curta demais e embhora errado. O Irã dá de tudo para não entrar numa guerra, tendo em séculos, a revolução dos Aiatolás (1980) e a Guerra contra o Iraque  (1980-1988). Mas se o  Irã for forçado a entrar, aí se preparem, pois será longa e incerta, arrastando todo o mundo para esse conflito.

Na "Guerra Iraque x Irã" (1980-1988), ao final, o Iraque ficou tão vulnerável que rapidamente capitulou para as potências que hoje atentam contra o Irã. O povo de Israel, agora, sentiu a sua vulnerabilidade e, se os vizinhos resolverem acertar as contas com o governo israelense, que massacra o povo palestino, em Gaza, no Líbano, na Cisjordânia e em outros países, não sobrará pedras sobre pedras. Basta lembrar que o Irã, apesar de não reconhecer, pode ter fortes grupos aliados nestes países.

Hoje a grande mídia internacional, manipulada pelo imperialismo dos EUA, tenta jogar toda a culpa do conflito e dos contraataques ao Irã, mas abafam o genocídio que Israel continua praticando contra refugiados palestinos.

De Acordo com o jornalis Stopa Leonardo, "Em discurso televisivo, o aiatolá Ali Khamenei condena ameaças de rendição, adverte sobre danos irreparáveis aos EUA e reforça que o Irã resistirá — mesmo sob intensa pressão de Donald Trump".

Os Estados Unidos estão enviando porta aviões para o Indico e a China também anunciou o envio de portas aviões para a região. Os líderes Sírio e do Paquistão já anunciaram ajudar militar ao Irã e a Síria já abriu seu espaço aéreo para o Irã fazer lançamento de ataques aéreos.

Nesse momento de grande tensão mundial, de grande pressão do povo norte-americano contra o governo Trump, da grande pressão mundial em defesa do povo Palestino, mesma situação entre Ucrânia e Rússia. Podemos estar diante de um caminho sem volta. Uma coisa é certa, os Estudos Unidos e todas as suas bases militares ao redor do Irã, já sentiram que não seria fácil abater o regime revolucionário dos Aiatolás e qualquer indicação de ataque, também passa a ser um grande alvo, não mais só do Irã.

*Belarmino Mariano. Professor de Geopolítica da UEPB. Imagens das redes sociais.
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