Coronavirus: Os descartáveis

Por: Lúcio Flávio Vasconcelos*

Não sou médico. Não sou enfermeiro. Não sou farmacêutico. Não sou biólogo. Por isso não opino sobre saúde pública. Deixo para os profissionais da área.
Diante da pandemia que assola o mundo, sigo as orientações médicas. Lavo as mãos com frequência, permaneço em casa e evito o convívio social.
Mas posso e devo opinar sobre política e história, duas paixões que estudo, reflito e ensino há quatro décadas.
O pronunciamento de Jair Bolsonaro me fez recordar a teoria da eugenia. Aquela que afirma que só os mais fortes, os mais aptos, devem sobreviver. A mesma pseudo ciência que norteou o nazismo entre 1933 e 1945.
A lógica do presidente reforça a tese da eugenia. Se as pessoas começarem a sair de suas casas, se as crianças retornarem às escolas e os estudantes às universidades, o vírus circulará livremente, eliminando os idosos, já debilitados pela idade e doenças crônicas.
Adolf Hitler começou eliminando os doentes mentais e deficientes físicos. Só depois começou a matar os ciganos e judeus, acusados de pertencerem a raças inferiores.
Jair Bolsonaro, na ânsia de agradar a um setor do empresariado, põe em risco milhões de brasileiros e brasileiras da terceira idade, que construíram o país que nós herdamos.
Não podemos, nem devemos, nos calar diante de tamanha insanidade.
Vamos continuar seguindo as orientações lúcidas ditadas pela ciência e bom senso.
* Historiador e prof. da UFPB.

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