PINOTA CHECHEIRO

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A imagem pode conter: 1 pessoa, barba, atividades ao ar livre e close-upPor: José Renato Uchôa

No final da década de 1970, os professores da rede estadual de ensino da Paraíba destituíram, em Assembleia, a diretoria pelega da Associação do Magistério Público do Estado da Paraíba (AMPEP). Até hoje, não consigo entender o motivo de não preservarem a marca AMPEP, da associação, que teve um papel fundamental na luta contra a ditadura militar, determinando, inclusive, a organização do funcionalismo em geral. Salvo engano, a greve de 1979, que teve apoio integral da população paraibana, foi o terceiro grande evento de luta da época da ditadura, depois de Contagem e Betim (MG), nos idos de 1968.
O governador à época era Tarcísio Burity, indicado pela ditadura militar. Bastante truculento, manteve a suástica nazista no Palácio da Redenção, sede do governo paraibano. Esse imóvel, de estilo barroco dominante, construído em 1586, está situado na Praça dos Três (podres) Poderes, que foi invadida por 100 mil estudantes/trabalhadores/as, em 1987, em protesto contra a prisão e espancamento de estudantes, na maioria, adolescentes.
Anos depois, convidamos o secretário da Educação da época para uma assembleia geral da categoria, na antiga sede da AMPEP, situada na Rua Odom Bezerra, centro de João Pessoa. O professor Zé Alves é testemunha do fato de uma jovem que alugava o corpo nas imediações do Mercado Central ter afirmado sem pestanejar: "O secretário é checheiro! Trabalhei a noite toda, e no final ele deu o cano, não me pagou! Melhor dizendo, deu um cheque sem fundo! Um cabra safado, sim senhor!"
Os professores/as se apinhavam no local, no calor da luta que caracterizou a década, sem pé doido. A expectativa de melhorias da situação do magistério pululava nas nossas mentes irrequietas, de disposição de luta. A vinda do Checheiro nos preocupou, porque alguns amigos/as avaliaram que o dito cujo levaria uma chapuletada se agredisse o magistério, como fez o ministro da Educação das Trevas do Governo da Pólvora, durante a gestão desastrosa no MEC.
Não deu outra, na primeira frase de agressão expelida pelo secretário, Edvaldo Careca, uma das principais lideranças da luta, com a Comissão de Segurança no ponto, retirou o Checheiro, que foi arrastado com eficiência para não ter as costelas e a boca podre (igual à do hoje ministro da Educação que pegou o beco da obscuridade, e vai ser preso a mando do STF); quebradas em plena assembleia do magistério. Era assim: bateu levou. Alguém, por milagre, poderia informar sobre a produção científica desse abestalhado que ocupou o Ministério da Educação, para destruir os avanços na educação? Um ministro de beiço de Templo de Periferia, patético, desinformado, incompetente, aluno relapso, desumano no processo que moveu contra o pai, enfim, um analfabeto incapaz de compreender o fenômeno educativo nos seus componentes básicos.
Qual a autoridade moral e técnica que tem Abraham Weintraub– pois viveu a vida toda na mediocridade das trevas – para cortar o ponto de um servidor técnico ou professor das universidades públicas, que efetivamente produzem o conhecimento: ensino, pesquisa e extensão? Quem esse truculento pensa que é? É parente do secretário Checheiro da Paraíba? Olha a cana, analfabeto, preconceituoso e adepto da exclusão. O STF tem a obrigação moral de enviar esse analfabeto para a Papuda. Volta para o chiqueiro onde nunca deveria ter saído. Tanto lá como cá, para o processo democrático não valem o peido de uma gata.
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Comentários do Editor:
Caro Renato Uchoa, hoje o amigo Beto Quirino me falou sobre esse seu texto. Cara, você aguçou a nossa memória, você é o cara da alegoria daquela caverna platônica do século IV a.C. Você saiu das trevas e das correntes para em memória, viva e aguçada, também nos despertar desse tempo perverso e autoritário, que foi a Ditadura Militar no Brasil. Eu era estudante do D'ávila Lins na Cidade de Bayeux. Foi aluno de professora Sandra Sueli C. Bezerra, na época nos ensinava as regras gramáticas da língua da Camões e Pessoa. Lembro desses tempos de lutas, lembro que nos deslocamos de Bayeux para João Pessoa, para uma grande passeatas pelas ruas centrais de João Pessoa. Era um moleque, mais estas lutas despertaram a minha consciência, claro que havia muito mais gente neste despertar, como minha irmã Joana Belarmino de Sousa, Eliezer Gomes e David Coelho de Lemos, entre tandos outros que fui conhecendo. A AMPEP era um lugar para as nossas primeiras reuniões de secundaristas e base para nossas tendências políticas em formação. Você nos lembrou do Zé Alves e Edvaldo Careca, me lembro de Zé Isidro, meu professor de História e Calistrato, que também estavam nestas lutas. Lembro de professoras como Irene e Walquíria, que depois criaram o movimento Feministas 08 de março. Eu era um secundarista e sei o quanto estas lutas do final dos anos de 1978 para inicio dos anos 1980 foram importantes para o processo de redemocratização desse país. Com muita luta, dos operários, camponeses, professores, bancários e trabalhadores da Construção Civil. Você me convidar para as lembranças da ocupação de Camucim, na praça dos três poderes e o assassinato de Margarida Maria Alves. Lembro da grande greve geral dos canavieiros. Fui de Carona para dentro do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande e a AMPEP estava também nessa linha de frente. Lembro de Margarida Maria Alves falando na Porta do tal palácio da redenção que servir para a redenção das elites agrárias e golpistas desse país. José Roberto Uchoa. Deves continuar revirando tuas memórias, pois ao fazer isso, tu também revira as nossas. Esse checheiro com nome estrangeiro e que estava aboletado no MEC caiu, assim como cairão todos estes fascistas. Você com certeza provoca as memórias de Aurelio Aquino, Ivaldo Gomes, Aparecida Uchoa, Heriberto Coelho de Almeida e o seu Sebo Cultural, outro chamariz para quem gosta de lutar. Me fez lembrar Carlos Alberto Dantas Bezerra, companheiro da Academia de Comercio e UEPB, Ronaldo Barbosa, Afonso Abreu, Sergio Botelho e nosso filosofo Washington Rocha, entre tatos e tantas que estiveram na linha de frente destas lutas. Tomei a liberdade de publicar essa tua memória em meu blog, pois muitos precisam fazer essa leitura. Saudações Libertárias.

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