Quem quer destruir o Brasil?


Por Belarmino Mariano

"Alguma coisa está fora da ordem, fora da nova ordem mundial" (Caetano Veloso, Circuladô, 1991). Caetano falava do nosso quintal, falava do narcotráfico, se referia ao caos que o tráfico de drogas causavam em uma sociedade que já estava em processo de destruição. Mas o seu refrão se encaixa perfeitamente aos nossos dias, quase como se fosse uma profecia de um velho louco e esmolambado, que dormia nas marquises das lojas de conveniências dos grandes centros urbanos. 
O que estava fora da nova ordem mundial? Que alerta estava fazendo Caetano em 1991? Dos narcotraficantes e um crescente mercado de coca, ópio, LSD e novos alucinógenos sintéticos, processados em laboratórios multinacionais? 
Queria tratar dos grupos mercenários, ao serviço de empresários do imperialismo, fazendo conexão com os produtores de papola da Ásia Central, controlando os camponeses que produzem as folhas de coca nos planaltos andinos, da marijuana (Cannabis sativa)? Estes que controlavam a produção o processamento e a comercialização das drogas em escala internacional?
Será que Caetano já estava enxergando o nascimento dos grupos milicianos do Rio de Janeiro? grupos de maus ex-policiais e mais policiais da ativa, muito bem relacionados com os narcotraficantes, pois estes precisavam de um braço armado e oficialmente ligado as forças de segurança do Estado, para ordenar o sistema, facilitar entradas de cargas e distribuição da droga. 
Claro que a mão-de-obra era abundante e estava na periferia, nos morros, nas favelas ou comunidades pobres do grande caos urbano das metrópoles brasileiras?
"Nessa Terra de Deus e do Diabo" (Glauber Rocha, 1963), e vendo a trajetória de políticos como Bolsonaro, não há dúvidas sobre as profecias de Caetano Veloso. Ele está na gênese dessa ideia de milicias, como um braço do narcotráfico e depois controle das favelas e comunidades periféricas. Agora essa doença louca de querer matar os comunistas, de extrema-direita, só uma menta paranoica mesmo.
Quando ainda era um jovem sargento, foi assaltado e os bandidos levaram sua moto e sua carteira, contendo documentos, fotografias e grana. Daí para frente, as cosas desandaram, tentativa de explosões, expulsão do exército, amigos na PM, Queiroz, Adriano, Rio das Pedras, Vereador, Deputado, alta sociedade, armas e capas de jornais e revistas. Programas de TV, preconceito, ódio, discriminação e nacos de sarcasmo e declarações de apoio a ditadores, torturadores, além do apreço pelo politicamente incorreto.
Talvez, Caetano Veloso não estivesse prevendo desastres políticos tão grandes, estivesse apenas observando os males das históricas políticas de autoritarismo, dependência econômica, tecnológica e da pobreza absoluta, que jogam os homens e mulheres para o crime e para a violência.
Caetano já havia nos alertado para o processo de globalização perverso, regravando um Rock nacional do RPM, Quando Paulo Ricardo cantou: "Agora a China bebe Coca-Cola
Aqui na esquina cheiram cola..." Estas eram as algumas coisas que pareciam estar fora da ordem, fora da nova ordem mundial. Os comunistas tomando coca-cola e as crianças pobres dos países capitalistas cheiravam cola, para camuflar a fome e a pobreza absoluta. Daí para o Crack e outros alucinógenos foi um pulo. 
Não tenho dúvidas, Caetano nem imaginava que o Brasil retrocederia para a idade das trevas. Mas chegamos a esse ponto. em Pleno período de profunda globalização, em plena era informacional, em período de viragem ecológica e agenda 21, onde os movimentos ambientalistas se instalam no mundo capitalista. No Brasil, grupos de extrema direita, assumem o poder e passam a defender um método caótico de governar para a catástrofe humana. 
Agora estamos entendendo o que nos disse Caetano Veloso em 1991, no Brasil estamos em completa desordem e esta afeta também o mundo, afeta os países vizinhos e assombra o mundo. Antes da Pandemia de Covid-19,  os ataques aos direitos sociais e humanos, os violentos ataques ao Meio ambiente, com as queimadas, garimpos ilegais, grileiros, assassinatos dos povos indígenas, em um cenário apocalítico. Agora com a Pandemia de Covid-19, talvez, uma importante parcela dos brasileiros, comece a acreditar que o governo Bolsonaro, eleito por 30% dos eleitores, pois muita gente se omitiu em votar, poderá o Brasil para uma republicazinha de bananas e babacas, completamente vulnerável e submissa ao imperialismo ultra-neoliberal.

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