Chorando Por Ti Argentina.



Por Belarmino Mariano.
Faz pena, mas todo povo tem o governo que merece.  Esse é o mundo político real e nos bastidores o capital financeiro muda o jogo com relativa facilidade, em especial em um país mergulhado no abismo da pobreza, beirando o extremo. 
Nestas condições não sabemos o preço da consciência, nem a noção de futuro, pois na falta do salário, do leite e do pão, discursos progressistas e ideologias são objetos de luxo.
Javier Milei, extremista de direita assumido, será o novo presidente da Argentina com 55,7% dos votos válidos em uma carreira política de apenas dois anos, superou todas ss espectativas e demonstrou que as geoestratégias eleitorais de Trump continuam dando certo. 
Os hermanos irão saber um pouco do que nós brasileiros passamos em um desgoverno de extrema direita, mas nestes termos, são mais conservadores e talvez se adaptem melhor do que nós.
Já podemos esperar os projetos polêmicos, como: a) proibido o aborto, mas será permitida a venda de órgãos; b) fim do Ministério da Educação e do ensino público; c) fim do Ministério da Saúde; d) fim do peso argentino e dolarização sem lastro de conversão; e) fechamento do banco central e descontrole monetário; f) fim das relações como Mercosul; g) fim das relações com qualquer país do BRICS e por aí vai.
Essas propostas são o sonho de consumo dos Estados Unidos em crise e perdendo espaço no cenário global. Com certeza, independente de republicanos ou democratas, todos estão contentes e, certamente financiaram essa vitória meteórica de um excêntrico desconhecido ao maior cargo político de um importante país do Cone Sul e que está mergulhado em uma profunda crise capitalista. 
Na geopolítica, nada é por acaso. A Argentina é peça fundamental nos interesses do imperialismo norteamericano, em especial com a aproximação do atual governo da Argentina ao BRICS+, coisa que não era interessante para o dólar.
Agora, com Milei, a Argentina deve se afastar do BRICS+ e se afundará no extremismo de direita, com maior dependência ao dólar. 
Podem mergulhar em anos de obscurantismo e dependência ainda maior, ou serão bancados pelos USA, em troca de sua soberania, com instalação de bases militares, e até a seção de territórios insulares aos propósitos da "Doutrina Manifesto" da América para os Americanos.
As narrativas extremistas e a guarida aos grupos golpistas, neofascistas e neonazistas terão espaço para atuarem livremente. Um novo laboratório de extremistas parecido com o do Brasil foi instalado com sucesso e, o ovo da serpente foi gerado mais uma vez. Então, fica claro quem flerta, fomenta e apóia esses grupos e essas ideologias neonazistas e neofascistas. Depois dizem que são liberais e democráticos.
Se fizer o que prometeu, cortará relações com a China, perdendo um importante e barato parceiro comercial que se dispõe a comprar tudo, coisa que não são muito o perfil dos Estados Unidos.
Iremos esperar suas relações com governo Lula, o Mercosul e o comércio bilateral com o Brasil. Quem sabe, cumprirá suas promessas de cortar relações com o Brasil e a China. Pode ser que os USA banque seis meses ou um ano, até ele dolarizar a economia, fechar o Banco Central e se tornar completamente dependente do dólar e dos interesses do imperialismo.
O ultra neoliberalismo de Estado Mínimo, prevê o fim de programas sociais e controle de setores estatais pela iniciativa privada, essa foi a sua promessa e que vai justificar o desmantelamento da soberania argentina. Esse será o preço a pagar em médio e longo prazo.
Javier Milei era uma aposta de Donald Trump e do Bolsonarismo. Um candidato da antipolítica e da manipulação midiática que convenceu os desavisados, que parece, são muitos. 
"O mundo inteiro estava assistindo! Estou muito orgulhoso de você. Você vai mudar o seu país e realmente tornar a Argentina grande novamente!" (Trump, plataforma Truth Social). Faltou dizer, grande e bas nossas mães é claro.
Essa foi uma vitória da extrema direita aos moldes da Ucrânia, Israel, Italia entre outros. E mesmo com um democrata na Casa Braca, Joe Biden, perdeu espaço e certamente será derrotado para esse modelo que elegeu Milei.
A esquerda precisa entender uma coisa, Milei é completamente diferente de Bolsonaro. Ele é uma figura completamente nova na política e esse jogo da extrema direita, fazendo política pela intranet e grandes grupos manipulados via plataformas digitais é um terreno movediço para grupos de esquerda.
Já o Bolsonaro e seus filhos estão na política há mais de 30 anos. Seus esquemas de corrupção e milicianos foram as causas de sua derrota. Mesmo assim, o bolsonarismo continuou controlando estados maiores que a própria Argentina, como são os casos de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que ainda estão sofrendo nas mãos de bolsonaristas.
Milei terá os erros do brasileiro e do próprio Trump como escola e certamente, poderá dar um "cavalo de pau" em solo argentino, radicalizando e implantando uma ditadura de direita com apoio e controle norteamericano, pois sabem fazer isso com maestria. Assim, quando os argentinos acordarem, será tarde demais.
Na verdade, a grande diferença estar entre o Brasil e a Argentina, pois Bolsonaro recebeu um Brasil com reservas cambiais da ordem de 390 bilhões de reais e muito recurso para queimar.
A Argentina que Milei recebe, tem inflação de 140% e a política econômica beira o caos total, com uma Dívida Externa junto ao FMI, que corrói quase todo o PIB do país. A Argentina é um pais completamente quebrado e mergulhado no desespero social. Resta saber se o salvador da pátria conseguirá mudar esse cenário.
Independente da realidade, agora os bolsonaristas tem para onde ir, inclusive investir no país vizinho, pois Portugal, que era a rota de fuga, já  é governado por socialistas há décadas e têm muitos bolsonaristas arrependidos em Portugal, inclusive sofrendo xenofobia.
Se ele cumprir o que disse, cortará relações com Brasil, então Lula não será convidado para a posse e Bolsonaro já poderá escapar da prisão, indo viver na Argentina como exilado político.
Os bolsonaristas já usam a bandeira americana em tudo, até já pintaram a bandeira do Brasil de preto, não custa nada usar a linda bandeira da Argentina e torcer para a Seleção de Messi. Agora é só aproveitar as aberturas que o Mercosul ainda permite e atravessar a fronteira. Mas cuidado, pobres de direita, pois muitos hermanos são racistas e xenófobos com brasileiros.
Se a Argentina sair do Mercosul e romper relações com o Brasil, perderemos muito, nosse terceiro maior parceiro, mais em curto e médio prazo, as perdas argentinas serão bem maiores e imprevisíveis, mas quem sabe, com os dólares e a completa dependência dos Estados Unidos, talvez melhore, pelo menos em curto prazo. Será como privatizar empresas estatais, no começo tudo parece maravilhoso, depois que a empresa se torna majoritária, os preços rapidamente triplicam e os serviços pioram, pois o lucro é o que de fato importa.
Parece que na eleição Argentina, faltou um Nordeste como o do Brasil para fazer a diferença política. Pois "aqui no Nordeste o fascismo não se cria". Agora terão que comer um dobrado, pois quatro anos ou mais é um pouco demorado.
Deixemos os hermanos viverem sua experiência nazismilei.  Deixa eles, pois o Milei bufão é excêntrico, pouco humorado e lembra muito uma mistura de Collor de Mello com Zelenski, Netanyahu e Bolsonaro. Que seus Deuses os proteja.
Por Belarmino Mariano

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