A Argentina Mergulhou nas Profundezas do Fascismo

Por Belarmino Mariano

Dez de dezembro de 2023, em um domingo triste, foi registrado para a história, a posse do presidente Milei, extremista de direita argentino.
Com a presença de apenas oito (08), chefes de Estado e alguns representantes de governos, foi assim o evento oficial. 
Cabe em um guardanapo a lista dos chefes de Estado presentes: Felipe VI, rei da Espanha; Gabriel Boric, presidente do Chile; Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai; Santiago Peña, presidente do Peru; Vahagn Khachaturyan, presidente da Armênia; Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria; Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia. 
Não completou os dedos das mãos do próprio empossado. Apenas três presidentes da América do Sul. Ninguém da América Central e do Norte. Três presidentes de extrema direita da Europa Oriental e o desgastado Rei da Espanha.
Não veio nenhum presidente, ou Premier do G7, nem mesmo do G-20 ou do BRICS. Alguns líderes de extrema direita como Bolsonaro, inelegível, ou Zelensky da Ucrânia tentavam roubar a cena do evento, enquanto a mídia golpista do Brasil, ecoava o fracasso como se estivesse acontecendo uma festa democrática, com entrevistas e flashes que buscavam encobrir o esvaziamento político e social da posse.
Até achei que Trump iria aparecer de surpresa, junto com Bolsonaro, Viktor Orbán, Zelensky e o próprio Milei, teríamos o supra sumo dos supremacistas brancos de extrema direita. São esses governantes ou ex-presidentes que justificam o uso da expressão fascistas.
Nas ruas foi um fracasso de público, com apenas uma juventude extremista gritando o nome do presidente que repetiu em seu discurso, que afundaria ainda mais a Argentina, por pelo menos mais 18 meses, com inflação podendo triplicar, até que seja controlada. 

Mas essa posse inexpressiva diante da representação mundial, o que define um potencial isolamento internacional do governo Milei, não confirma nada, diante de uma tendência de extrema direita ganhando espaço, em diferentes partes do mundo, inclusive na Europa Ocidental e Oriental. Ou as esquerdas reagem em uma escala mais regional e mundial, ou esses grupos, aparentemente malucos, conquistando espaços políticos cada vez maiores, usa as redes socias e o trabalho de alienação produzida pela grande mídia, aos fortalecimento do neofascismo. É importante dizer que essa vitória não foi apenas de Milei, mas de um bem intricando e articulado esquema financeiro e midiático, que alimenta o neoliberalismo capitalista, desgastando forças democráticas, republicanas e de esquerda em diferentes escalas.
"No ai plata" disse Milei. Se não há prata, não existe Argentina. Mas a Seleção Argentina colocou milhões de pessoas nas ruas e praças para comemorar a copa do mundo de 2022, enquanto Milei só atraiu alguns milhares.
Na posse de Milei parecia um domingo como outro qualquer, inclusive se vê poucas imagens do público e os próprios jornalistas do Brasil, sempre colocaram as câmeras contra a "multidão", ou transmitiam imagens fechadas para aparentar muita gente. O próprio reporte da imprensa golpista no Brasil, chegou a afirmar que existia um grande público, sem mencionar estatística.
Para quem acreditava que a extrema direita bolsonarista iria para a posse, depois da Carta de Milei, convidando Lula, parece que muitos desistiean de ir. Tanto é que em vários momentos da chegada de Bolsonaro ai evento, ocorreram muitas vaias e os gritos de Lula, Lula, Lula! Provavelmente, turistas que estavam na Argentina e foram lá dar uma conferida.
Como controlar uma economia em frangalhos, tentando culpar os governos dos ultimos 100 anos e propondo liquidar toda a soberania nacional, tendo como saída, dolarizar a economia, se nem mesmo o presidente dos Estados Unidos foi a posse do Milei.
Em uma economia afundada, será que os USA irão colocar sua moeda já  maltradada a disposição? Nem agiotas, fora dos planos do FMI, arriscariam tanto.
O fiasco da posse de um presidente extremista é a resposta politica internacional que, os países envolvidos na economia global, dão ao empossado. Ninguém pretende se envolver com um governo que flerta com o nazismo e o fascismo, enquanto ameaça a democracia interna e internacional.
O povo argentino terá que aguentar, cobrar e derrubar esse governo o quanto antes, pois se deixar durar, o que durou o Bolsonaro no Brasil ou o neoliberalismo no Chile, caminharão para um precipício sem tamanho.
O Milei é o remédio amargo que os argentinos precisam tomar, parece que não vai ser fácil empurrar goelia dentro. A primeira medida de Milei alterou a lei nepotismo e colocou sua irmã Karina Milei como secretaria da presidência. Sua irmã, certamente terá mais poder que a Vice-presidente Victoria Villarreal.
Milei fechou oito ministérios entre elas Educação, Saúde, Assistência Social e Trabalho. Esse não será um governo para o povo e não tendo sustentação popular será isolado.
Os brasileiros presenciaram esse isolamento internacional do Brasil, com a ascensão do bolsobarismo ao poder e como foi complicado e sinda está sendo, pois aqui as eleições são conjuntas, também nos Estados da Federação e muitos governos estaduais, continuam adotando a política neoliberal, enquanto a grande mídia ataca o governo Lula, inclusive pelo presidente não ter ido a posse. Imagina você ir para festa de casamento de alguém que te esculhambou, te xingou e te usou para tirar vantagem indevida? Imaginem a Argentina a partir do ultra neoliberalismo proposto por Milei, que já começou literalmente isolado?
Pior ainda, um governante que se declara anarcocapitalista, mas  a sua saída é entregar toda a economia da Argentina nas mãos da iniciativa privada, esse aposta completamente no caos. Nem o próprio capitalismo tem esse interesse ou essa visão, pois sabemos que o Estado é o principal pilar desse sistema, logo, não existem anarcocapitalistas, pois o Anarquismo é anti-estado e anticapitalista. Parece que além de fascista no sentido político, também estamos diante de um farsante, que começa  com seu primeiro ato, i fechamento dos Ministérios de ações sociais.

Imagem das redes sociais 


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