EQUADOR, CRISE MAIOR QUE NARCOTRÁFICO?
A Grande Mídia Burguesa tenta construir uma narrativa de que o narcotráfico é responsável pela crise política no Equador, mas a situação é muito pior. O atual presidente Daniel Noboa de Direita é a continuidade do neoliberalismo e a privatização das instituições públicas, atreladas a um governo de direita, neoliberal que aos moldes da Argentina, e do ex-governo Bolsonaro no Brasil entregam a economia a grandes corporações estrangeiras.
Lá a situação é bem pior, pois com a privatização de setores da Segurança Pública, atualmente são mais de 120 mil seguranças privados com armamento pesado nas mãos. Isso sem falarmos nos grupos narcotraficantes e suas milicias.
Não podemos esquecer que a extrema direita, para ganhar espaço social, sempre se associa a milicianos, narcotraficantes e garimpeiros ilegais, além de corrupção de sistemas como: judiciário, militar e midiatico.
Assistindo as reportagens da imprensa brasileira, vejo a mesma narrativa, de uma crise política provocada apenas por narcotraficantes, sem demonstrar o golpe do ex-presidente Guillermo Passas(2021-2023), ao destituir o Parlamento do Equador, ciando as condições para e eleição de bilionário Daniel Noboa, resta saber que forças políticas deram suporte aos narcotraficantes que aterrorizam o país.
Basta fazer uma simples comparação do Equador ao Estado do Rio de Janeiro, em que, milicianos e narcotraficantes, controlam aquele Estado e nas últimas décadas, tanto os prefeitos do Rio, quanto os governadores, sempre estiveram aliados diretamente, com narcotráfico e milícias inclusive chegando ao controle de importes setores da segurança e da justiça.
Esse poder tornou-se tão forte que chegou ao congresso nacional e a presidência da República, interferindo em segurança pública federal como PF, PRF, além de interferência no Ministério Público Federal.
No Equador, um país bem menor que o Brasil, mas com poderoso poder energético, sendo o segundo maior produtor de petróleo da América Sul (Membro da OPEP), além de outros minerais e recursos amazônicos, sempre esteve preso aos interesses do imperialismo Norte-Anericano.
Logo, todas as vezes em que, forças democráticas e de esquerda, se aproximam do poder político, ocorrem ações catastróficas e narrativas de que toda a crise é decorrente do narcotráfico e seus grupos paramilitares (milícias).
Depois do exitoso governo de esquerda, liderado pelo economista Rafael Correa (Partido Alianza), que governou o pais de 2007 a 2017, tendo instalado o "Programa de Revolução Cidadã", criando políticas de redução da popbreza e instalação de políticas públicas voltadas para os mais pobres, o Equador, entrou em colapso, com a sucessiva adoção do neoliberalismo através de governos de direita.
A extrema direita assumiu o poder no Equador e na Argentina, a crise política e econômica nestes países, justificam cassar os direitos da classe trabalhadora e usam a violência para justificar o uso militar das forças armadas para frear qualquer tipo de resistência.
No caso do Equador, o poder narcotraficante já estar instalado completamente no poder do Estado, dando as cartas e servindo para ciar o caos, na hora certa.
Como líderes do narcotráfico saem das prisões do país, pela porta da frente, sem resistência? Como grupos terroristas, conseguem tocar o terror, incendiar ônibus, carros, prédios públicos, sem que as forças de segurança impessam? Basta saber que as forças de segurança pública foram privatizadas e o caos é a justificativa para Noboa usar o exército e outras forças nas ruas.
A CRISE POLÍTICA DO EQUADOR É BEM ANTERIOR
Entre 2021 e2023, o governo de Guillermo Lasso (PSC), ao dissolver o Parlamento, passou a ter total poder e passou a governar o país por decreto, para isso, precisava do caos para se manter dando as cartas no país e lastreado um sucessor de direita.
Já estava tudo combinado, pois Lasso é um político ligado ao mercado finencairo e sua política era a manutenção do neoliberalismo nos negócios do Equador.
Mas a crise no Equador é muito anterior entre assassinatos de lideranças politicas a presidentes eleitos que trairam seus ideais, temos um país em constantes crises.
O Equador é o segundo maior produtor de petróleo da América do Sul e um dos maiores do mundo, mas toda essa produção é quase que totalmente controlada por multinacionais americanas e europeias, articuladas por governos entreguistas de anos anteriores.
Apesar de ser um país rico economicamente, possui fortes desigualdades socioeconômicas e pobreza, principalmente para os povos indígenas, de onde são extraídos os recursos petrolíferos e pobreza também das populações urbanas.
De acordo com Nogara (2019), o governo equatoriano de Lenín Moreno, chegou ao poder com apoio de partidos de centro esquerda, mas logo em seguida, abandonou suas bases políticas e passou a adotar as políticas neoliberais orientadas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), incentivado por um volumoso empréstimo concedido pelo FMI.
Em troca, o governo passou a adotar um pacote de corte de subsídios ao consumo de combustível, gerando aumento de 120% em diesel e de 30% em gasolina. Isso foi o estopim de revoltas, bem parecidas com a atual a
Argentina.
Essa medida afetou profundamente aos caminhoneiros, taxistas em empresas de ônibus e vans, bem como a população em geral que percebeu as perdas em seu poder aquisitivo. Os movimentos de insatisfação geraram uma greve nacional que ganhou fôlego a partir do dia 3 de outubro de 2019. As revoltas tomaram conta das ruas, com conflitos diretos entre manifestantes e forças armadas.
Para Nogara (2019), o povo equatoriano foi às ruas protestar contra as políticas neoliberais do governo Lenín, que respondeu com forte repressão militar e declarando Estado de Exceção. E mesmo com a prisão de centenas de manifestantes, o povo foi às ruas, tomando conta do país e exigindo a renúncia de Moreno e a derrubada dos decretos que reajustaram os combustíveis.
Os protestos foram ganhando força e adesão da Confederação Nacional Indígenas do Equador (CONAIE). Esse forte grupo fortaleceu as reivindicações e mesmo com uma manobra de Lenín Moreno, tentando mudar a sede do governo de Quito para Guayaquil, já era tarde pois os manifestantes ocuparam a Assembléia Nacional do Equador e instaram uma "Assembleia Popular" e cancelaram as medidas de Moreno.
O Povo equatoriano não aceitou as políticas neoliberais e passou a reivindicar as conquistas do Ex-presidente Rafael Correa e da esquerda liderada pela Alianza Patria Ativa y Soberania (APAS).
A chamada "Revolução Cidadã", do governo Rafael Correa, mantinha as conquistas e melhorias sociais no país, entre elas, os subsídios aos preços dos combustíveis. Correa havia governado o Equador de 2007 a 2015, com as reeleições ele fez uma verdadeira revolução democrática no país, criando as bases para a melhoria nas condições de vida, educação, saúde e habitação para as populações mais pobres do país (NOGARA, 2019).
Agora entendemos que o Equador luta para manter suas conquistas e que não aceitará retrocessos rumo ao neoliberalismo do FMI. Vale lembrar que a situação política do Equador era muito parecida com a do Brasil da epoca de Lula e Dilma, mas, se tornou muito parecida com o Brasil, da época de Bolsonaro, pois os governos de Correa foram fortemente atacados pelas elites dominantes e pela mídia burguesa daquele país e o governo de Moreno, passou a adotar as políticas de interesse do FMI e das elites dominantes, gerando essa profunda crise política e econômica que despertou a população para a resistência e luta.
Nogara (2019) completa dizendo que apesar dos sete mortos e dos mais 1.340 feridos e dos mais de 1.152 presos (outubro de 2019), o acordo com o presidente Moreno, o movimento conseguiu derrubar o Decreto 883, e por fim ao Estado de exceção e que o governo terá que garantir mais investimentos em defesa dos povos mais pobres.
A situação do Equador nos lembra a atual política neoliberal adotada por Jair Bolsonaro (PSL) e Paulo Guedes, com a entrega dos recursos petroquímicos do Brasil, privatização que colocou o Brasil em completa dependência do mercado internacional, em especial das empresas petrolíferas americanas.
Em meio a essa crise, o Brasil ainda viveu profunda crise ambiental, com queimadas na amazônia, no Pantanal, estouro de barragens de dejetos em Minas Gerais e contaminação dos mares e praias dos noves estados do Nordeste, sem o devido cuidado do governo brasileiro.
Em 2023, a crise política no Equador, com o fechamento da Assembleia Nacional no país, com as forças armadas nas ruas e atos golpistas, de vandalismo e a camuflagem de que se trata de uma disputa entre milicianos narcotraficantes, o Governo de Guillermo Lasso, ganhou mais tempo e fortaleceu, o controle do país, mesmo sem base social e governando para as grandes corporações. Criou as condições para eleger Daniel Noboa,
basta lembrar que antes da última eleição equatoriana, tivemos o assassinato de Fernando Villavicencio, candidato à presidência do Equador, também de Extrema Direita. Villavicencio, 59 anos, foi morto a tiros no dia 09 de agosto de 2023, semanas antes da eleição, criando a migração de votos para Noboa, que venceu a candidata Luisa González, de esquerda e de oposição.
Na atualidade, parece que o plano do caos deu certo, a população dos grandes centros como Quito e Guayaquil está em pânico, as pessoas, não sabem de fato o que está acontecendo, enquanto isso, os grupos terroristas comandam o caos e o governo Noboa, tenta reunir forças para governar segundo o neoliberalismo.
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Por Belarmino Mariano,
imagem da Metrópole e Brasil 247.
Fontes
https://radicaislivreseco.blogspot.com/2019/10/geopolitica-na-america-do-sul-levantes_30.html?m=1
Brasil de Fato
Brasil 247
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