VICIADOS, FANÁTICOS POR FUTEBOL E ENDIVIDADOS PELAS BETS.

Por Belarmino Mariano.
Jogo pesado entre tabagismo, saúde pública e vícios

No começo do século 21, houve um gigante movimento mundial contra a propaganda de produtos à base de tabaco, como cigarros e charutos, pois a Organização Mundial de Saúde, alertava sobre as doenças originadas pelo uso prolongado de tabaco. 

A saúde pública registrava milhares e milhões de pessoas com câncer de pulmão, garganta e outros tipos de doenças. 

As propagandas de cigarros eram verdadeiros filmes, envolvendo atores e atrizes em festas, bebidas e fumantes em atividades esportivas, náuticas, praias e montanhas.

Estudos de comportamentos sociais, demonstravam que as pessoas viciadas em tabaco, além de adoecerem, usavam grande parte dos seus salários na compra de cigarros.

As grandes marcas mundiais faziam grandes lobbies para evitar leis mais rigorosas sobre propaganda e consumo de tabaco, mas nessa queda de braços a medicina e a saúde pública em geral venceu e leis mais duras conseguiram proibir os espaços para fumantes e os comerciais nas grandes redes de telecomunicações.

A indústria de tabaco teve que se adaptar e surgiram as marcas de cigarros eletrônicos, tão maléficas quanto o tabagismo. A restrição aos comerciais e os alertas sobre tabagismo e câncer, gerou em uma década, pessoas não fumantes e mais saudáveis.

Internet, Times de Futebol SAFI´s e Bet´s

Hoje em dia as redes digitais estão cheias de joguinhos, em que as crianças usam dinheiro fictício para comprar moedas e depois usar nos jogos on-line. As mídias digitais são terríveis territórios sem lei, pois as opções de acesso e o completo descontrole geram todos os tipos de cenários. Os jogos eletrônicos , consumidos predominantes por crianças e adolescentes, geram uma geração de viciados que estão adoecendo por excesso de telas e vício em jogos acessados em telas e plataformas eletrônicas.

No mundo do futebol, com séculos dessa prática desportiva, grandes empresas privadas passaram a jogar pesado na compra de times de futebol no Brasil e em dezenas de outros países. Como acontece com governos golpistas neoliberais, a estratégia é sucatear a empresa ao máximo e depois privatizar bem abaixo do preço de mercado.

Não sabemos o que acontece com o futebol brasileiro, mas já foram vendidos o Bragantino que virou Red Bull Bragantino, o Bahia, o Cruzeiro, o Vasco, o Cuiabá e o Botafogo e mais uns 20 clubes menores das diferentes séries dos campeonatos de futebol.

Todos viraram Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Empresa privada, que também são donas de grandes casas de apostas (bets.com) e outros grandes negócios, envolvendo compra, venda de jogadores e patrocínios bilionários em todo o mundo.
As SAF's só se tornam possíveis no futebol brasileiro, depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sancionou o Projeto de Lei que permite aos clubes de futebol, alterar seus estatutos para virarem empresas privadas.

De acordo com Mattos (UOL, 2022), em apenas um ano da lei, apresentada pelo Senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já são 24 clubes em diferentes séries que se transforam em SAF, ou seja, foram privatizados e se transformaram em Sociedade Anônima.

Vários clubes se tornaram empresas privadas, financiados por bancos, empresas de crédito e grupos de capital especulativo. Contratos bilionários, compra e venda de corpos humanos como se fossem gladiadores. Grandes marcas internacionais organizam o "mercado da bola" e os meios de comunicação dedicam horas e horas aos programas ou resenhas esportivas.

Esse é um movimento do capital financeiro especulativo que viu no entretenimento global um grande campo de negócios, atraídos também pelas Bitcoins, pelas apostas eletrônicas e outros negócios bilionários, pois com os dados de apostadores em planilhas eletrônicas, com o uso de Inteligência Artificial (IA) é possível prever resultados combinados, em que o lucro pode ser garantido de forma rápida e segura.

como o futebol já é uma paixão mundial, principalmente para o segmento masculino e os campeonatos europeus e latino-americanos movimentam somas astronômicas. foi fácil unir o útil ao agradável, futebol, casas de apostas e compra de times. Assim as grandes empresas sempre saem ganhando.

Daí ampliar ainda mais esse modelo de negócio com a inclusão das mulheres ou do "futebol feminino no mercado da bola", passou a ser muito importante, enquanto uma nova cultura e um novo e gigantesco seguimento econômico.

Acho importante que as mulheres também conquiste esse espaço. Claro que a grande mídia emplaca o discurso da inclusão e dos direitos das mulheres, o que não deixa de ser, mas tem o grande interesse dos investidores em envolver novos seguimentos de consumidores ao negócio lucrativo do futebol.

Vejam que os Estados Unidos, sempre desvalorizavam o futebol, mas começaram a investir no futebol feminino e, na atualidade, são os mais interessados em comprar times de futebol masculino pelo mundo. Empresas dos Estados Unidos, empresas europeias, árabes, chinesas e muitas outras ligadas ao mercado de jogos de apostas estão investindo pesado no futebol brasileiro e da América do Sul a exemplo do Del Valle do Equador e outros clubes históricos, do Brasil e do mundo.

As empresas Norte-americanas, que controlam grandes clubes de Basquete, futebol americano e beisebol, agora estão se voltando para o Brasil e outros países das Américas e do mundo com grandes investimentos na compra de times de futebol e jogadores de grande estrelado.

Se anteriormente as grandes empresas se limitavam ao patrocínio de clubes, com as propagandas de suas logomarcas e com o uso da imagem de jogadores em suas propagandas, os clubes tinham o poder de contratar, comprar e vender jogadores, agora essas grandes empresas compram clubes inteiros e seus patrimônios materiais, além de assumirem contratos e dividas dos clubes negociados.

Esse gigante mercado da bola alimenta canais de TV fechadas, portais e influencers em redes sociais, motivam milhões de seguidores que de alguma maneira, consomem coisas do futebol, movendo uma estrondosa estrutura do lazer e entretenimento sócio cultural com lucros estratosféricos para os empresários envolvidos.

Por outro lado, com jogadores milionários parecem mercenários da bola, compra e venda de passes de atletas, parece que rola uma espécie de lavagem de dinheiro, sonegação fiscal e outros ilícitos com grandes empresas envolvidas?

Até mesmo a instalação de novos mecanismos eletrônicos como o VAR, dão uma ideia de maior justiça nas partidas, mas alguns casos de interferência do VAR são escandalosos. E com as grandes empresas de apostas eletrônicas, as arbitragens e o VAR, ficam muito a dever, alterando completamente alguns resultados.

Vejam como esses clubes comprados, mesmo com times relativamente fracos, estão ganhando destaque, entre os vários campeonatos disputados. Parece um milagre, que afeta apostadores em todo o mundo. Times que ontem estavam rebaixados na série B, hoje lideram os campeonatos, como se o improvável estivesse acontecendo em um passe de mágica.

Será que é apenas o investimento empresarial, ou tem outro esquema, que envolve aposta e compra de resultados, dos times teoricamente sem chances? As SAF's são espertas, compram os clubes que estão quebrados, endividados ou em crise financeira. 

Com isso, investem aparentemente em uma agremiação desvalorizada, como um negócio sem vantagens financeiras. Será que esses negócios fracassados são de fato rentáveis, ou o jogo é outro?

É bom argumentar que no Brasil, o futebol é um grande negócio e faz parte da cultura brasileira, assim como o carnaval e as festas de rua. Do menor campo de peladas e campeonato amador até os grandes estádios como o Maracanã em um clássico com 65 mil torcedores, o futebol é uma paixão nacional.

Parece até que alguns times estão ganhando mais quando perdem, pois alguém já tem os resultados eletrônicos contabilizados em bilhões, contando com todos os tipos de possibilidades que vão de um cartão amarelo até a quantidade de escanteios, faltas, até chegar aos resultados. Tipo assim, "têm 12 milhões na conta, tu perde e ao final, nós ganhamos juntos, afinal sou teu maior patrocinador".

Por todos os lados dos estádios você vai encontrar grandes placas de propagandas dos patrocinadores, que também são empresas que controlam as casas de apostas desses jogos e campeonatos. Parece que o imprevisível passou a acontecer com mais frequência e os favoritos agora não são tão favoritos assim, mesmo que suas equipes sejam bem superiores.

Essa é a pergunta que não quer calar. Como destruir um campeão e levantar outro clube que veio da serie B para serie A? Será que é uma ideia simples assim? Quanto ganha um dirigente de clube? Quando ganha uma equipe de arbitragem e VAR? Como justificar tantos erros graves dessas equipes? Essas perguntas não têm respostas claras, já existem escândalos sendo investigados e todos os dias as Bets e as SAFI´s ficam mais ricas.

Se pegarmos como exemplo o Flamengo, um único time brasileiro com quase 50 milhões de torcedores em todo o Brasil e mais de meio milhão de torcedores espalhados pelo mundo. São milhões em ingressos nos jogos, milhões em produtos com a marcas da paixão rubro-negra e milhões em apostas nas bets, apenas de torcedores do Flamengo.

As casas de apostas estão lavando a burra com as derrotas do Flamengo. Quanto mais o time perde ou empata, mais os aposentadores no Flamengo, perdem dinheiro, inclusive os rivais que apostam com base em um elenco extremamente forte. 

Em 2023 o Flamengo era favorito em todos os títulos e acabou o ano sem levantar nenhum troféu. Com as derrotas e empates do rubro-negro, alguém tá ganhando muito dinheiro, pois parece uma zebra constante e aterrorizante. Muitos estão deixando de fazer apostas, pois parece um jogo de cartas marcadas.

Parece até que querem destruir o Clube de Regatas Flamengo, se esse é um propósito, parecido com as praticas dos governos corruptos que quebram as empresas estatais para depois privatizar, parece que estão conseguindo e muito rápido, pois em 2024, o Urubu segue no mesmo ritmo, maior elenco e títulos que é bom nada.

O Bragantino, Cruzeiro, Botafogo, Cuiabá, Bahia e Vasco foram pra série B e ficaram por lá um bom tempo. Foram ao fundo do poço, ficaram na lama, aí apareceram milagrosamente, uns investidores internacionais, que compraram literalmente os clubes citados. Quem quer comprar? Saldo de estoque, aproveita com 80% de desconto". 

Depois da população do Brasil e da Colômbia, a torcida do Flamengo é a terceira maior população da América do Sul.
Alguns órgãos de imprensa acreditam que esses números podem ser bem maiores, chegando até uns 50 milhões de torcedores, em especial quando analisam os acessos as redes sociais e o consumo da marca Flamengo. Isso sem contabilizarem os produtos não oficiais, que também movimentam milhões, por dentro da economia popular. Só para termos uma ideia, existe uma Bet exclusiva do Flamengo.

Se for esse número mesmo, o Flamengo nas três Américas, só perderia em população para os Estados Unidos, Brasil e México e seria a quarta maior população de todas as Américas, deixando a Colômbia em quinto lugar com cerca de 55 milhões de pessoas.
Do ponto de vista do capitalismo, o Flamengo é um lucrativo negócio global com consumidores fiéis. Inclusive de notícias, pois bem ou mal, o Flamengo é pauta em todas as resenhas esportivas.

E olha que só estamos falando do futebol profissional masculino, sem incluir o grande destaque em dezenas de outros esportes e fases em formação, incluindo o futebol feminino que já é destaque.
O Flamengo é um dos poucos clubes de grande porte que nunca chegou a série B do campeonato Brasileiro, ao exemplo de Atlético PR (6 vezes B), Vasco (5 vezes B), Fluminense (série B e C), Botafogo (3 vezes B), Palmeiras (2 vezes B), Cruzeiro (3 vezes B), internacional (3 vezes B), entre tantos outros como São Paulo, Corinthians, Santos, Grêmio etc.

A grande preocupação com as BET´s é o vício que estão gerando entre a população, enquanto alguns empresários, clubes e grandes corporações estrangeiras estão ficando mais ricas. As autoridades públicas estão começando a se preocuparem com essa verdadeira febre e vício, em que muitos, gastam quase todos os seus salários, esperando ganhar e quase sempre perdem, pois as combinações de resultados e as opções de apostas, se tornam mais difíceis que a Mega-Sena da Loteria Federal.

A grande questão envolvendo as empresas de apostas em jogos (BE´s), tem envolvido muitos debates, pois enquanto estas empresas patrocinam quase todos os clubes, investem pesado em propaganda, usando a imagens de jogadores famosos, apresentadores de TV fechada e aberta, artistas e yortuberes, levam as pessoas comuns a acreditarem que é muito fácil apostar e ganhar. 

Essa ideia de fazer uma "fezinha", de fazer isso eletronicamente, pagando via pix e recebendo em tese o dinheiro fácil e rápido, tem levado milhões de pessoas a essas casas eletrônicas de apostas. O envolvimento de jogadores, juízes, VAR e outros empresários na alteração de resultados, gerou a criação de uma Comissão Parlamenta de Inquérito (CPI das bets), cobrança de impostos através da Receita Federal e um maior rigor ou proibição de propagandas de Bet´s em todos os meios de comunicação, pois já existem dados do envolvimento de crianças e adolescentes com o vício dos jogos de apostas esportivas.

Por outro lado, existe um gigantesco lobby dos empresários das bet´s e nessa queda de braços, a grande mídia também tem fortes interesses, pois grande fatia do seu faturamento, vem justamente do mundo do futebol e dos comerciais das bet´s. 

Todos sabemos que um segundo de comercial em TV é caríssimo, nas redes sociais não é diferente e por incrível que parece, são dedicadas horas inteiras, manhã, tarde e noite, para os programas esportivos, resenhas, reprises e análises dos diferentes campeonatos de futebol. Então fica o alerta, a alienação, a paixão, e o fanatismo, são os degraus fundamentais para o vício e este já está sendo considerado um problema de saúde pública.
Por Belarmino Mariano.

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