Governo Bolsonaro condena dados do Inpe sobre desmatamento da Amazônia
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Imagem do Instituto SocioAmbiental. |
"Que país é esse" perguntaria Renato Russo. Olha que estavam questionando o Brasil da década de 1980, 1990. Com o fim da ditadura e os desdobramentos de 21 anos de regime autoritário. A crítica parecia muito ácida para os que viviam muito bem em Brasília, em especial a elite política e a classe média endinheirada que influenciava a vida urbana da capital do Brasil.
O que esse título tem haver com a letra da música do Legião Urbana(?) Quando falamos sobre índices de desmatamento, temos que o Brasil passou a adotar esse método de medição a partir de 1988. Mas o INPE foi embrionariamente pensado ainda nas décadas de 1960, durante o governo de Jânio Quadros, influenciado pela Guerra Fria e pela corrida espacial. Por tanto, esse instituo teve sua vida útil de pesquisas sobre o espaço aéreo e o vasto território brasileiro, durante toda a ditadura militar, e, olhem só. Existia uma visão estratégica e de defesa da nossa Pátria.
Agora, na contra-mão da história, surge um ex-militar que toma o poder de assalto e passa a entregar nossa soberania a potencias como a Norte Americana.
Agora veremos o que disse Renato Russo:
"No Amazonas, no Araguaia iá, iá
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão..."
Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, Minas Gerais
E no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso
Mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão..."
" Terceiro mundo, se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão..." Que país é esse...(?)
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios num leilão..." Que país é esse...(?)
Essa composição foi executada em 1987 e tornou-se sucesso, pois se tratou de um Rock nacional que criticava a realidade do nosso país. Agora estamos em 2019. Ou seja, se passaram 30 anos de redemocratização do Brasil e muito se mudou em relação a nossa Legislação Ambiental e da nossa relação ambientalista mundo, com sucessivos governos antenados com as questões ambientais globais.
Mas, agora, parece que tudo está mudando, inclusive com práticas políticas praticadas pelo próprio governo, em ignorar os problemas ambientais como as mudanças climáticas e o desmatamento da Amazônia. O INPE é referencia internacional em imagens e dados de medição do desmatamento desde 1988. 30 anos de pesquisas e experiencia incontestável. Mas, depois da divulgação das ultimas pesquisas sobre o aumento do desmatamento da Amazônia. Tanto o presidente Bolsonaro, quanto Ricardo Sales (Ministro do Meio Ambiente), além de intervir no INPE, exonerando o presidente Ricardo Aragão que foi substituído pelo Militar Darcton Policarpo Damião. Independente das competências dos indicados, o grave é maneira como o governo, tenda ignorar os fatos e a realidade dos últimos meses, com a ampliação em mais de 43% das ultimas medições.
O governo não quer reconhecer o problema e já anunciaram a contratação de um nova empresa para refazer as medições. Bolsonaro e sua equipe, argumenta que os dados são falsos, enquanto isso, vídeos de populações da Amazônia e de entidades independentes, pipocam nas redes sociais, denunciando a invasão de áreas de reservas, territórios indígenas, entro outros exemplos de imagens da destruição da floresta.
Imagem se essa nova empresa for de técnicos semelhantes aos que fizeram os relatórios ambientais de Mariana e Brumadinho Vale/MG? Não duvidem, pois o Brasil é um país típico desse tipo de práticas. Para complicar, técnicos do INPE já informaram que o Instituto vem sendo sucateado em todos os sentidos. Ou seja, o governo tem o serviço, tem as equipes, mas irá pagar com dinheiro público para que empresas privadas, lhes preparem um relatório ambiental mais satisfatório para seus interesses e interesses de pecuarista da bancada do boi, mineradoras e grileiros que atuam na região Amazônica.
O Brasil, além de viver sua pior crise econômica das ultimas décadas, agora temos o estopim dos últimos acontecimentos ambientais, pois a destruição do meio ambiente amazônico, podem prejudicar as relações econômicas do Mercosul com a União Européia, o desespero é tão grande que o próprio governo tentará encobrir ou falsear dados de medições do desmatamento da floresta. Mas no mundo da informação isso é impossível.
Esse governo além de não se sustentar politicamente, não se sustentará ambientalmente. É escandaloso e ultrajante vivenciarmos essa afronta antiecológica de um governo que fez declarações escandalosas sobre os territórios indígenas e sobre o apoio as mineradoras, madeireiras e pecuaristas. Chega a seu uma política tipicamente de crime ambiental, pois mesmo que não seja o governo que pratique o crime, a conivência e cumplicidade são tão piores quanto o criminoso em si.
*Prof. Dr. Belarmino Mariano Neto. UEPB, Campus III. Doutor em Sociologia com enfoque ambiental e Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento.
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