GEOPOLÍTICA: Da Ditadura Militar ao Neoliberalismo à Brasileira

imagem de redes sociais, adaptada pelo autor.
Por Belarmino Mariano*
Não importa a ordem ou os acontecimentos, a República Brasileira, estruturada pelos poderes judiciário, legislativo e executivo sempre foram elitistas, oligárquicos e até certo ponto corruptos. Esse país, em 520 anos de história, pelo menos 130 anos são considerados como republicanos e nestes, se manteve ajoelhado e dominado por elites nacionais em muitos casos, serviçais do imperialismo capitalista.
República Velha, Era Vargas, República Nova (Estado Novo), Ditadura Vargas, redemocratização, Ditadura Militar de 64 e Nova República. São apenas etapas de um continuo Estado sem direitos para o cidadão.
Em pleno período da Guerra Fria, com o alinhamento político e econômico entre países liderados pelos Estados Unidos e países alinhados pela ex-União Soviética, acompanhamos a divisão da Alemanha em Ocidental (capitalismo) e Oriental (socialismo); vimos a Guerra da Coréia , com interferência das superpotências e a divisão em Coréia do Norte e Coréia do Sul. Vimos a invasão do Laos, Camboja e Vietnã. Uma década de guerra e a tentativa de dividir o Vietnã em dois países.
Vimos a consolidação da Revolução Cubana e Chinesa, com a introdução do Socialismo nestes países. Vimos guerras civis e de independência na África.
Na América do Sul, com ajuda americana, foram instaladas várias ditaduras militares. Argentina, Paraguai, Uruguai, Chile e Brasil são os piores exemplos.
No Brasil, a Ditadura Militar foi implantada com um golpe de Estado em 1964, fechamento do Congresso Nacional, intervenção militar do STF e perseguição política aos grupos políticos de esquerda ou de tendências socialistas e progressistas.
Prisões, torturas, desaparecidos, mortos e exilados, foram milhares em todas as regiões do país.
Sob orientações da CIA americana, houve uma verdadeira caça aos Comunistas, movimentos sociais e sindicais foram destruídos e milhares de Brasileiros, passaram a viver na clandestinidade.
Na ordem autoritária, aos militares era permitido tudo, aos civis, todo tipo de desconfiança. Assim, a guerra fria das grandes potências, atingia diretamente as democracias em todos os continentes.
Foram 21 anos de Ditadura (1964-1985). No campo Econômico, o Brasil teve acesso a empréstimos generosos do FMI, estes se acumularam e se transformaram em gigantescas dívidas externas. Em contrapartida, os governos militares, abriram as pernas para grandes empresas multinacionais americanas e de aliados do bloco capitalista. Em duas décadas o Brasil estava completamente dependente de capital e tecnologias estrangeiras.
O período da Ditadura Militar Brasileira, também culminou com o maior período de expulsão de camponeses da terra, gerando gigantesca migração campo cidade.
Milhões de pessoas se deslocando pelo país em busca de melhores condições de vida e de trabalhos formaram as gigantescas favelas, palafitas e casebres nas periferias urbanas dos grandes centros.
As elites agrárias, viram crescer seus latifúndios e com recursos públicos, modernizaram suas produções. O campo se modernizou e as multinacionais diversificaram a produção industrial dos grandes centros.
Enquanto a pobreza se expandida pelas periferias urbanas, a riqueza se concentrava nas mãos de uma minoria de empresários do agronegócio, industrias, banqueiros e grandes comerciantes ou empresariais e shoppings.
Aos pobres, míseros salários, desemprego, submoradia, fome, doenças e todos os tipos de violências para a alma, carne e espírito.
Os Militares Brasileiros no poder, fizeram uma péssima gestão dos trilhões de dólares emprestados do FMI e das próprias riquezas nacionais. ]gastos em obra faraônicas, superfaturamentos e corrupção, desvio de finalidades dos recursos públicos, crises econômicas e energéticas sistêmicas afundaram o Brasil em inflação, desvalorização monetária e caos administrativo do Estado.
Na década de 1980, o capitalismo internacional respirava os ares de um fim da guerra fria, o neoliberalismo já figurava nos debates econômicos e a ideia era dissolver o papel do Estado nas atividades econômicas, deixando tudo nas mãos da iniciativa privada.
A reabertura política do capitalismo e do socialismo exigia a desestatização da economia. Importantes e estratégicos setores e econômicos controlados por empresas Estatais deveriam ser privatizados (indústria pesada como petroquímica, siderúrgica, metalúrgica, energética e até de serviços prestados a sociedade como saúde, educação e comunicações), deveriam ser totalmente privatizados.
A reabertura política do Brasil, foi lenta e gradual e essa transição foi articulada para que as elites econômicas reassumissem o controle político do governo federal. Para tanto, as pautas neoliberais deveriam ser aprovadas. Nada de governos nacionalistas ou estatizantes.
Na década de 1980 o Brasil passou por uma anistia política e militar e uma luta por Direitos perdidos começou a ser pautado. Os velhos Quadros da esquerda voltaram a ter voz e partidos de esquerdas e até novas siglas foram construídas. Mas os grandes meios de comunicação das elites, controlavam a informação e manipulava os espectadores dia e noite. Rádios, jornais , revistas e imagens coloridas de telenovelas, programas de humor, auditório e transmissão de campeonatos de futebol, criaram uma geração cativa e submissa a formação de opinião dos meios de comunicação das elites dominantes.
A abertura política do Brasil, veio controlada pelos interesses neoliberais e tutelada pelos meios de comunicação, enquanto que, as estruturas econômicas estavam presas ao julgo do FMI e ao mercado de capitais.
O pensamento nacionalista estava manchado pelo chumbo e o sangue derramado durante a Ditadura Militar. A nova onda era o neoliberalismo propagando pelas grandes empresas de comunicação. Estado mínimo, privatização, desmantelamento dos serviços sociais essenciais em favor das empresas privadas, tomaram lugar nas agendas e agências de fomento do país.
A Nova República era servida pela velha política das elites corruptas e o neoliberalismo entrou no Brasil através de eleições como as de Collor de Melo (PRN) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). LULA e Dilma (PT), deram continuidade ao neoliberalismo, investindo um pouco nos setores públicos sociais. Mas mantendo a ordem financeira, monetária e fiscal. No lugar de auditar as dividas, optou por pagar os elevados juros e correções impostos pelo FMI e Banco Mundial.
O neoliberalismo conseguiu entre Collor e FHC, expandir violentamente a sua agenda monetária e privatista. Foram 14 anos de privatizações e de agregação do potencial econômico do Brasil ao dólar. O Brasil viveu um mundo encantado de abertura do mercado para produtos e tecnologias estrangeiras, ao preço do sucateamento dos potenciais nacionais.
Foram mais 14 anos de PT aliado com o PMDB e a velha política do toma lá e dá cá. No entanto, foram notáveis investimentos do Estado em políticas sociais de Saúde, Educação, Habitação e Segurança Alimentar.
Mas as elites dominantes, insatisfeitas com as melhorias sociais do povo, armaram um Golpe político e destituíram a presidenta Dilma. Na mesma esteira, incriminaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula e os impediram de concorrer as eleições.
Nesse vácuo de poder, és que surgem grupos de extrema direita, apoiados por milicianos e até forças econômicas estrangeiras e criam as condições para chegar ao poder central, o Ex-capitão Jair Bolsonaro (Ex-PSL) como o presidente de uma suposta República Miliciana de Mercenários.
Nesse atual momento, o Brasil é governado por um gângster e seus ministros agem como mercenários, prontos para destruir o que ainda resta da nossa dignidade. A tal pátria amada é na verdade uma farsa.
O BRASIL de Bolsonaro é governado por militares da reserva e por grupos milicianos, formados por ex-policiais militares e civis. Como declaradamente defendem interesses do mercado e dos Estados Unidos, estes militares talvez sejam uma nova ordem mercenária.
Seu corpo ministerial e um horda de criminosos conferidos, dos quais, muitos respondem processos na justiça, por desvio de recursos públicos, peculato e caixa dois, entre outros. Também estão na base desse governo, pastores evangélicos envolvidos em processos de enriquecimento ilícito e exploração da fé. Estes usam seus templos e fies em campanhas difamatórias de inimigos políticos, das quais a prática de fake news e compra de votos.
A imoralidade, corrupção e entreguismo das riquezas nacionais a grupos econômicos estrangeiros. A destruição do meio ambiente, a manipulação ideológica e as ameaças constantes a Democracia e aos poderes constituídos do país, deixam claros que Bolsonaro é um governo antipatriota e desumano.
Basta observar suas posições frente a pandemia mundial de coronavírus. Ele nega a doença e ainda vai contra todas as medidas que deveriam proteger o povo. O BRASIL em 70 dias já concentra quase 25 mil mortes por Covid-19 e quase 400 mil casos da doença. Como as mortes e casos de infectados são substantificados, acreditam os estatistas que estes dados ultrapassem 10 vezes os dados oficiais.
O presidente contínua envolvido com aglomerações, provocando governadores, prefeitos e Profissionais de Saúde que lutam contra a doença. Sempre discutindo com populares e usando a desculpa do isolamento social para justificar a profunda crise econômica do seu governo.
Suas reuniões ou encontros ministeriais ao exemplo da ocorrida no dia 22 de abril e divulgada em vídeo pelo TSF, preconizam verdadeiros encontros de horrores contra a moral, a honra e os interesses nacionais.
Nesse momento, até mesmo o mercado, completamente atrelado as agendas neoliberais, desconfiada com a catástrofe politica e econômica do governo Bolsonaro e seus rompantes autoritário, vem abandonando o Brasil a sua própria sorte, pois investir no Brasil, se tornou uma empreitada muito arriscada até para capitalistas sedentos por lucro. Evasão de trilhões de dólares e desconfiança dos investidores têm deixado a moeda brasileira nos mais baixos patamares do mundo. O real, que foi uma herança do primeiro plano neoliberal de FHC e Itamar Franco (PMDB), se desvalorizou tanto que você só consegue comprar um dólar se desembolsar R$ 5,32 reais, com cotações que já beiraram os seis reais.
O BRASIL da era Bolsonaro caminha para uma hecatombe política, econômica e sanitária, sem precedentes na história desse país. A situação está tão grave que até mesmo os ricos desse país terão dificuldade de sair, pois os aeroportos dos Estados Unidos, foram fechados para brasileiros. (Claro que esse final é uma piada, pois as elites estão livres como prega o neoliberalismo).

Enquanto Bolsonaro dá uma de doido é vê comunismo em todas as coisas e pessoas de oposição ao seu governo, os filhos e o próprio vivem de lambanças e firulas políticas com ataques declarados a imprensa e incentivo a um pretenso autogolpe militar com ele no comando. Que país é esse?

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