A GEOPOLÍTICA das Américas para os Americanos – Trump Pretende anexar os territórios do Canadá e a Groelândia aos Estados Unidos, além da área do Canal do Panamá.
Por Belarmino Mariano
Como
afirma Caetano Veloso, “alguma coisa estar fora da ordem, fora da nova ordem
mundial”. Parece que a maior economia do neoliberalismo e do livre mercado dos últimos
dois séculos, os Estados Unidos e seu dólar que controlavam tudo, desde o final
da Segunda Guerra Mundial e durante a Guerra Fria perderam completamente a
noção do perigo e flertam abertamente com o fascismo e com a volta do expansionismo
colonialista através da força.
Muita
coisa já mudou, depois dos anos de 1989, com a derrubada do Muro de Berlim e em
seguida, com a derrocada do Bloco Soviético o dólar ficou mais forte ainda e a
economia se globalizou. 30 anos depois, com o fortalecimento da União Europeia,
China, Rússia, países emergentes no Sudeste Asiático, América Latina, e com as
novas tecnologias da Madi In China, as coisas mudaram radicalmente e a
correlação de forças não pode mais ser medida através dos cabos de Guerras.
Os
Estados Unidos só defendem o livre mercado quando estão no controle do
processo, quando perdem espaço nas disputas neoliberais e passam a ameaçar seus
concorrentes diretos, com taxações e impostos, travando uma verdadeira guerra
comercial. Com o surgimento do BRICS e sua ampliação, criação de um banco
próprio e adesão de novos membros e parceiros, muita coisa mudou no livre
mercado. A maior delas é a desdolarização da economia internacional em
diferentes países.
Estamos
começando a acompanhar a quebra da hegemonia econômica dos Estados Unidos e
Trump pegou essa bomba chiando, mas não sabe o que fazer. As famosas guerras
para desestabilizar regiões não fazem mais o efeito esperado e sobretaxar
mercadorias dos concorrentes poderá ser um tiro no próprio pé. Então a
conversar agora é atacar seus próprios aliados e parceiros diretos, entre eles
o Panamá, Canadá e até mesmo o pequeno Reino da Dinamarca e sua grande ilha da
Groelândia.
Por outro
lado, na contramão dessa política sugerida por Trump, a China acabou de zerar
tarifas de importação para países em desenvolvimento com pouca participação no
mercado internacional. Além de iniciar uma grande mobilização internacional
junto ao BRICS para também zerar a Divida externa dos países africanos.
Isso
abrirá o mercado chinês (uma das maiores economias no mundo) para produtos
oriundos de países pobres. Um dos atos mais incríveis já vistos no mundo! O
governo chinês não esconde a intenção por trás disso: Impulsionar o
desenvolvimento econômico desses países e favorecer a divisão internacional do
trabalho.
Vale
lembrar que, faz bem pouco tempo, o Trump estava esbravejando contra o BRICS,
ameaçando tarifar em 100% produtos de países do bloco para impedir o comércio
com os EUA -- e há um boato de que ele também ameaçou nada menos do que tomar o
Canadá e transformar em um estado norte-americano, caso o governo canadense não
aceitasse suas imposições comerciais.
O
movimento da China, com todo o seu poder econômico, dá uma ideia de como será o
embate entre esses dois gigantes (China e EUA) nas próximas décadas, com os EUA
aplicando a política da força, ameaçando e coagindo nações, enquanto a China
oferece parceria, ajuda e respeito, focando em parcerias com países onde há
grande necessidade de desenvolvimento econômico (e faz isso sem colonizá-los).
O PIB
dos países do BRICS já ultrapassou o PIB do G-7 bloco de países mais ricos do
mundo e o lançamento de uma moeda do BRICS acelera novas relações monetárias e
cambiais internacionais que deixaram de ser feitas através do dólar. Isso irá
baratear as mercadorias e aumentará os fluxos de negócios em todo o mundo.
Trump
retornará a Casa Branca com "superpoderes", alguma coisa como
governos totalitários do final do século XIX e as cinco primeiras décadas do século
XX, pois nestas duas últimas décadas das eleições americanas, será o único
presidente republicano a vencer eleições tanto no Colégio Eleitoral quanto no
voto popular, além de ter feito maioria de goverdores em 37 dos 51 Estados
americanos; maioria no Congresso Nacional (Deputados Federais e Senadores
Federais); maioria dos Senadores estaduais e deputados estaduais, pois em
alguns Estados existem assembléias bi-camerais e eleições de quarto anos, que conhecide
com o pleito presidencial.
Donald
Trump, com toda a sua arrogância e extremismo, conseguiu convencer os eleitores
que se voltaria para as questões internas e falando contra as guerras,
"menos guerra e mais paz", venceu as eleições com uma gigante folga
em relação aos Democratas. Trump usou inclusive um verdadeiro arsenal de Fakes
News, mas foi mais moderado nos ataques misóginos, racistas, antilatinos e anti-imigrantes
em geral e prometeu que vai acabar com os conflitos na Ucrânia e em Israel em
menos de um mês. Agora veremos até onde isso será verdade!?
Uma
coisa é certa, os discursos de Trump foram todos de redução das ações externas
do país e se voltar pra o fortalecimento do mercado interno. Mas para garantir
isso, Trump também ameaçou taxar os produtos chineses em 60 ou até 100%. Mas
também ameaçou taxar os produtos de outros países como Brasil, México, Canadá e
até da Europa Ocidental.
Se
Trump cumprir todas as suas ameaças, em especial a "Guerra comercial"
e a taxação aos produtos estrangeiros, poderá estar ajudando a China e seus
parceiros, pois taxar empresas em todo o mundo, abrirá novos mercados para os
chineses. Essa será uma queda de braços que nos próximos quatro anos, poderá
desestabilizar toda a economia global.
Se
Trump cumprir sua agenda geopolítica de redução das interferências geopolíticas
na Ucrânia, Coréias, Taiwan, Irã e outros países do Oriente Médio, mudam todos
os cenários internacionais instáveis. Mas, suas novas declarações contra o
Canadá e talvez a sua interferência na América Latina (Entenda como Venezuela e
Brasil), novamente estará mexendo com interesses da China, Rússia, Irã e até do
Brasil, México e outros.
Uma
coisa é certa, o velho sonho Norte-americano de anexar a o Canadá, a Groelândia
e até mesmo o Panamá é possível e está ao alcance de um governo que não tem
compromissos com a história ou com os processos de autonomia das nações
independentes. Digo isso de Trump, mas vale para qualquer um dos presidentes
dos Estados Unidos, seja Democrata ou Republicano. O artigo que segue é uma
análise de probabilidades geopolíticas em curto e médio prazo. Para tanto,
destaco três pontos centrais da geopolítica do imperialismo Norte-americano, o “Destino
Manifesto”; a “Doutrina Monroe” e o “Estado de Segurança Nacional dos Estados
Unidos” e na atualidade o Canadá é o Urso da vez:
Quando
olhamos geograficamente para o mapa do Canadá, até parece que as suas províncias
ou Estados, foram divididos da mesma maneira que os Estados da Federação Norte-Americana.
Claro que são bem menos, cerca de 13 unidades territoriais, como se estivessem
na gênese desse processo de independência e formação dos Estados Unidos da América
do Norte.
O Canadá
é um país com gigantesco território e as regiões e províncias do Canada são
suas bases territoriais e seguem o modelo britânico de monarquia
constitucional: 1) Colúmbia Britânica; 2) Alberta; 3) Sascachevão; 4) Manitoba;
5) Ontário; 6) Quebec; 7) Novo Brunswick; 8) Ilha do Príncipe Eduardo; 9) Nova
Escócia (as províncias 7, 8 e 9 se juntas dariam um Estado, pois são bem
pequenas se comparadas com as demais); 10)Terra Nova e Labrador; 11)Yukon; 12) Territórios
do Noroeste e; 13) Nunavut.
Parece
até que na época da independência e expansão dos territórios dos Estados Unidos
para além das 13 colónias do Atlântico, as montanhas congeladas do Canadá
sempre estiveram ali como uma gigantesca fronteira natural e reserva futura,
que em algum tempo, com base da “Destino Manifesto” algum presidente iria
reclamar essa anexação.
Trump
pretende anexar os territórios do Canadá e a Groelândia aos Estados Unidos. Incluídos
também o território autônomo da Groelândia (Reino da Dinamarca), a maior ilha
do mundo, com cerca de 2.166.000 km². Muitos analistas políticos estão se
questionando sobre essa possibilidade geopolítica e parece que esquecem que o
Canadá já é, até certo ponto, uma área completamente influenciada pelos Estados
Unidos há décadas, pois desde o período de reabertura política do mundo e de
formação dos Blocos Geoeconômicos, como a criação do Acordo de Livre Comercio
do Atlântico Norte (Nafta), em 1994, que o Canadá e o México foram orbitados
pela economia dos Estados Unidos. A própria moeda do Canadá é o dólar
canadense.
Vale
salientar que esse movimento foi articulado desde os primeiros anos de debates
sobre o neoliberalismo (1986) e em 2020, o NAFTA foi substituído pelo Acordo
Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), que atualizou e revisou diversas
disposições do tratado original. Mesmo assim, as pressões dos Estados Unidos
contra os vizinhos são na linha do que Trump propôs recentemente.
A
grande questão é sabermos se existe algum interesse do Canadá e do Reino da
Dinamarca nesse processo de anexação e, se estes países possuem alguma força
geopolítica capaz de resistir a pressão do grande império capitalista na atualidade?
Não acredito que o governo dinamarquês tenha pretensões de vender ou aceitar a
anexação do seu território da Groelândia e Islândia aos Estados Unidos, por
isso, poderemos estar diante de uma nova tensão internacional, em que alguns,
consideram como parte das estratégias dos Estados Unidos para um choque
político e econômico global ou anti globalização.
Outro ponto
a ser considerado nessa nova ordem geopolítica pretendida por Trump, que também
já anunciou que os Estados Unidos deixaram de participar e financiar a Organização
Tratado do Atlântico Norte (OTAN) que foi fundada pelos próprios Estados Unidos
em 1949, sendo países fundadores da OTAN: Bélgica, Canadá, Dinamarca, França,
Islândia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Noruega, Portugal, Reino Unido e os
Estados Unidos e, na atualidade conta com32 membros.
Para
Trump manter os Estados Unidos na OTAN, teria um profundo choque de interesses
entre os USA, Canadá, Reino da Dinamarca e até mesmo com o Reino Unido. Caso os
Estados Unidos saiam da OTAN, seu atual proposito de anexação dos territórios vizinhos
se justificariam e um novo contexto geopolítico estaria em jogo. Pois caso ocorresse
algum tipo de resistência, o conflito seria visto como de escala regional, bem
parecido com o que ocorre atualmente entre a Ucrânia e a Rússia e mesmo sob
protestos internacionais, condenações na ONU, o poder de veto dos Estados
Unidos seriam suficientes para a adoção dessa política conflituosa.
Se nos
voltarmos para o período anterior ao início da 2ª Guerra Mundial, lembraremos
que Hitler anexou a Áustria ao 3º Rich (1938) sem dificuldades, inclusive com o
povo austríaco nas ruas dando vivas e recepcionando as tropas nazistas com
bandeirinhas e festa. Para a Corte Internacional a anexação foi vista como uma
violação internacional, mas garantiu o expansionismo nazista para as demais
anexações como a Polônia e a deflagração da 2ª Guerra Mundial.
Para
Trump anunciar intenções em anexar o Canadá ao território dos Estados Unidos,
no mínimo o Reino Unido já fez algum tipo de acordo internacional e basta lembrar
o quase que desastroso abandono do Reino Unido da União Europeia. Qual a base
para tal afirmação? O Canadá é uma monarquia constitucional, com o rei Charles
III como chefe de Estado.
Ou
seja, o Canadá é um dos países que fazem parte da Commonwealth, grupo de
países do antigo império britânico que têm o monarca britânico como chefe de
Estado. E, apesar da autonomia política e da organização territorial como se
fosse uma federação, em que as Provinciais possuem governos de Estado e
autonomia política e jurídica, ao final das contas, o Estado canadense deve obediência
ao Rei Charles III. Quem sabe o Reino Unido esteja querendo que isso aconteça
em troca de algumas vantagens políticas e econômicas, diante de um país em
crise e em decadência econômica e tecnológica e que ao sair da União Europeia
ficou mais fragilizado ainda.
Como Ficariam
os Estados Unidos com a Anexação do Canadá e da Groelândia?
A área
territorial dos Estados Unidos, incluídas as terras continuas e descontinuam,
insulares como o Havai e o Estado do Alaska ao Noroeste do Canadá é de 9.833.517
km², o que o coloca os USA na 4ª posição entre os maiores países do mundo.
A Groelândia,
território pertencente ao Reino da Dinamarca, com cerca de 2.166.000 km², é a
maior ilha do mundo e estrategicamente fica localizada no círculo polar ártico,
em região de Fronteira com a Federação Russa. Uma área com cerca de 58 mil habitantes
e muito rica em recursos minerais e energéticos além de urânio, “terras raras”,
petróleo e gás natural. Vale salientar que os interesses dos Estados Unidos
pela Groelândia remontam ao século XIX, mesmo período em que os Americanos
compraram o Alaska do antigo império czarista Russo.
Os
Estados Unidos possuem 51 territórios federados, com 13 do Canadá, mais a
Groelândia passaria a compor 65 unidades federativas, sob o controle
presidencialista e uma Constituição muito mais bem consolidada do que a confusa
Monarquia Constitucional parlamentarista completamente refém do Reino Unido.
A área
territorial do Canadá, incluídas as partes do continente e insulares, corresponde
a 9.984.670 km². Essa extensão significa o segundo maior país do mundo,
perdendo apenas para a Federação Russa, com 17.098.246 km². Se comparado com o
continente europeu, o Canadá é territorialmente quase do tamanho da Europa Ocidental
e Oriental que possui cerca de 10.530,000 km², considerando que, cerca de 3.960.000
km² já estão computados no território Russo na Europa Oriental.
Caso
os planos do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump se concretizem a partir
do dia 20 de janeiro de 2025, Os Estados Unidos poderiam passar a ter o maior território
do mundo, ultrapassando os 21.984.187 km² e se aproximando do que foi o antigo território
da Ex-União Soviética que até o final de 1991 era de aproximadamente 22.402.200
km2.
Esse
seria a maior manobra geopolítica dos Estados Unidos dos últimos 200 anos e
confirmaria as estratégias geopolíticas do Estado de Segurança Nacional e o “Destino
Manifesto - em que acreditam e defendem que é vontade de Deus que os Estados Unidos
governem o mundo a partir de todo o Continente Americano de Norte a Sul”.
A
população estimada do Canadá em 2024 é de aproximadamente 39.742.430 (0,5% da
população mundial) e o equivalente a uma média de 4,1 habitantes por km², em
que, cerca de 84% dessa população vive em áreas urbanas e em províncias de fronteira
com os Estados Unidos da América do Norte. Apenas quatro cidades do Canadá possuem
mais de 1 milhão de habitantes e Toronto é a única cidade com mais de 2
milhões.
Para
os Estados Unidos que possuem cerca de 335 milhões de habitantes (Nações Unidas,
2024), esse novo contingente demográfico não faria muita diferença, mas esse
incremento aumentaria a população para cerca de 375 milhões de habitantes e seria
possível deslocar milhões de Norte-americanos para as áreas despovoadas do
Canadá, ampliando significativamente o potencial econômico dessas novas áreas.
Se 50 milhões de americanos migrassem para o Canadá em uma década, a região chegaria próximo ao que é hoje a população Russa com cerca de 146 milhões de pessoas. Isso geraria uma nova dinâmica de desenvolvimento e exploração de potenciais recursos minerais e energéticos daquele território. Outro processo de diminuição das tensões internas seria a possibilidade em manejar milhões de imigrantes que estão ilegalmente nos Estados Unidos para essas regiões isoladas.
Esses dados demográficos, do ponto de vista geopolítico é uma grande fraqueza do
Canadá, que se tivesse que resistir a algum tipo de ocupação e anexação de
tropas dos Estados Unidos, não teria contingente para resistir ao militarismo
dos Estados Unidos e talvez prefiram fazer um acordo de incorporação completa e
de reformulação dos Estados Unidos da América do Norte. Assim como fizeram a Escócia
e o País de Gales na formação do Reino Unido, em que o Canadá até então ainda
faz parte. Agora, resta saber se uma Inglaterra decadente e fragilizada em meio
ao mundo globalizado, teria a coragem de enfrentar mais um conflito com a sua ex-colônia
que se tornou e independente e o mais poderoso país dos últimos dois séculos?
Basta
observar o que estar acontecendo com a População da Ucrânia que computava cerca
de 40 milhões de habitantes e na atualidade se calcula uma perda demográfica
para mais de 3 milhões de pessoas, que morreram nos campos de batalha, ou que
se refugiaram em outros países da Europa. Com o Canadá a situação poderia ser
muito pior, pois a grande maioria de sua população cerca de 75% viva nas áreas
de fronteira com os USA.
Considerações Sobre o
Expansionismo Geopolítico dos Estados Unidos
Entre os
clássicos da Geografia Política e da Geopolítica, Nicholas J. Spykman (1893) -
Geógrafo holandês, radicou-se nos Estados Unidos e se tornou o mais importante
estrategista dos Estados Unidos, desenvolveu teorias acerca do expansionismo,
controle e geoestratégias. Antes da 1° Guerra Mundial, ele desenvolveu a teoria
ou estratégia de contenção, em que, os Estados Unidos deveriam adotar
geopolítica externa intervencionista para além das Américas. Em seus
pressupostos geopolíticos deram base para a Doutrina de Segurança
Norte-Americana da Velha Ordem e Guerra Fria aos dias atuais.
Outro
importante nome da geopolítica é Alfred Thayer Mahan (1840-1914), geoestrategista
norte-americano, afirmava que "mar e poder” - teoria chave. Os países com
grandes dimensões marítimas teriam condições de maior domínio. Ou seja, nos
oceanos e mares estão a força ou a fraqueza de um país. Precisa de investimento
na Marinha. Suas teorias levaram os Estados Unidos ao expansionismo em regiões
dos oceanos Pacífico, Atlântico.
Também
é importante considerar nessa análise a contradição histórica entre os que
defendiam o iluminismo, mas estavam diretamente envolvidos em processos de
exploração colonial e de escravidão humana.
Os
dois conceitos ajudam a entender processos geopolíticos históricos. O Iluminismo
é um conjunto de ideias que visavam criticar o Antigo Regime Europeu, a
sociedade aristocrática de privilégios, absolutismo monárquico e o
mercantilismo, controle ideológico da Igreja Católica, entre outros.
O Colonialismo
é uma forma de imposição política, econômica e cultural sobre territórios ocupados
ou dominados militarmente, o que ocorreu em todo o continente americano sob o domínio
espanhol, português, Britânico, Francês, holandês e até Russo, como foi a
região do atual Alaska.
Na
região que deu origem aos estados Unidos, o colonialismo se deu por povoamento
ao Norte e por exploração ao Sul. Mas ambos sobre o domínio Britânico, Francês,
Dinamarquês, Espanhol e até Russo.
As
primeiras colônias britânicas da América do Norte foram instaladas a partir de 1606
- foi chamada pelos colonos de jamestawn e localizava-se no atual estado da
Virginia. Em 1620 - segunda leva colonos ingleses foi formada por puritanos.
Eles chegaram á região em que chamaram Nova Inglaterra. Depois vieram as Colônias
do Norte: Formadas por comunidades reduzidas e voltadas para a subsistência, as
manufaturas e o comércio, foram divididas em 5 partes que são: Massachusetts
Maime, New Hampshire, Rhode Island e Connecticut.
Na
sequência as Colônias do Centro: Nova Iorque, Pensilvânia e a Nova Jersey e as Colônias
do Sul: Eram Formadas por grandes proprietários. A mão de obra era escrava de
negros trazidos da África pelo tráfico negreiro. A colônia foi dividida em 5
partes que são a Virginia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia (mapas
temáticos):
As Treze Colônias consolidaram um processo de independência ao contestar a autoridade da metrópole inglesa, influenciados por ideais iluministas também presentes na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão e na constituição americana. No entanto, essa independência foi bastante conservadora por manter a estrutura social colonial, com a manutenção da escravidão e das disparidades entre colônias do norte e do sul. Alguns importantes tópicos históricos que dão conta de como se deu o processo de independência colonial dos Estados Unidos frente a Grã-Bethânia:
1) A Guerra
de Independência - ocorreu entre 1776 e 1783, foi vencida pelos Estados
Unidos com o apoio da França e da Espanha. As 13 colônias britânicas do
Atlântico deram origem aos Estados Unidos da América – República Federativa
Presidencialista. Mesmo assim, existiam duas regiões e interesses antagônicos
(Norte e Sul).
2) Guerra
Civil Americana – 1861 a 1865 – Depois da vitória do
presidente Abraham Lincoln- 1860, originário do Norte dos Estados
Unidos, região com visão mais liberal, perfil industrial, com trabalho livre e
valorização da democracia interna, passaram a existir choques com os Estados
Unidos do Sul.
3) Os
estados do Sul - tiveram um desenvolvimento agrário baseado na
grande propriedade e no modelo da plantation, isto é, grandes
propriedades rurais que praticavam a monocultura (cultivo de uma ou poucas
espécies de planta para o mercado) do algodão. O modelo da plantation valia-se
da mão de obra escrava negra, já que, além de não ter o custo do trabalho
assalariado, o tráfico transatlântico de escravos também gerava bastante lucro.
4) Mesmo
antes das eleições os Estados do Sul já cogitavam uma secessão, isto é,
em separação entre as duas regiões e na criação de outro país, os Estados
Confederados da América, em oposição ao Norte.
Estes
quatro tópicos são os dados históricos que conduziram os Estados Unidos de 13
colônias iniciais para 51 Estados federados e que entre os séculos XIX e XX,
com seu expansionismo e conquistas territoriais, se tornou a maior potência
geopolítica e econômica do século XX e início do século XXI.
Neste mapa dos Estados Unidos da América do Norte, vemos a configuração geopolítica Final do século XVII - 1685 – Territórios, espanhóis, britânicos e Franceses. Em meados do século XVIII e século XIX o seu expansionismo com base o Destino Manifesto permitiu essa configuração que se estendeu do oceano Atlântico ao Oceano Pacifico.
A Doutrina
do "Destino Manifesto” – é uma filosofia que expressa a crença de que o
povo dos Estados Unidos foi eleito por Deus para comandar o mundo, sendo o
expansionismo geopolítico norte-americano apenas uma expressão desta vontade
divina. Assim foram montadas as estratégias:
1 - Compra
de territórios - foi por este formato de expansão territorial que se deu os
primeiros importantes avanços na linha fronteiriça norte-americana, com a compra da Luisiana à França de Napoleão Bonaparte em 1804 e a compra
da Flórida em 1819 aos espanhóis.
2 – Diplomacia
- exemplo deste formato de expansão a anexação do Óregon aos ingleses, em 1846,
a partir de compensações de natureza diversas pelo direito de soberania ao
território.
3 – Guerra
- o México foi a maior vítima do expansionismo norte-americano, pois perdeu
parte considerável de seu território original. Inicialmente, os colonos
norte-americanos estabelecidos no Texas declararam a independência deste, logo
depois aceitando sua incorporação aos Estados Unidos.
Os
conflitos iniciados com a ocupação de colonos dos EUA, em várias partes de
território pertencente ao México chegaria ao fim somente em 1845, através do
tratado de Guadalupe-Hidalgo, que estabelecia a fronteira entre México e Texas,
além de ceder aos norte-americanos as atuais Califórnia, Arizona, Novo México,
Nevada, Utah e parte do Colorado por meio de uma indenização de 15 milhões de
dólares.
4 - Guerra
contra as nações indígenas - Macha para o Oeste, era imprescindível aos colonos
que "pacificassem" os povos indígenas. Os povos indígenas foram
massacrados a partir da filosofia do “Destino Manifesto”, sendo muitos deles
exterminados, outros depararam-se com uma quase-extinção, outros acabaram
assimilados aos dominadores.
A Compra
do Alaska se deu depois de uma Crise geopolítica entre o Reino Unido e o
Império Russo, fizeram o czar Alexandre II decidir que seria melhor vender o
Alaska aos Estados Unidos. Em março de 1867, a Compra do Alaska pelos Estados
Unidos foi feita por uma quantia de US$ 7.200.000,00 dólares (equivalente a
mais de US$ 100 milhões atualmente).
Naquela
época (1867), o Alaska contava com aproximadamente 2,5 mil russos, 8 mil
aborígenes e 50 mil esquimós vivendo em suas terras. O nome Alaska foi
escolhido pelo povo dos Estados Unidos, que recebeu o novo território através
de uma cerimônia no dia 18 de outubro de 1867. Na ocasião, soldados russos e
estadunidenses desfilaram, a bandeira russa foi arriada e, através de um
pronunciamento formal, as terras foram entregues ao governo dos Estados Unidos.
A anexação
do Estado do Havaí (Mokuʻāina o Hawaiʻi em havaiano), ocorreu em 1893, a rainha
Liliuokalani foi deposta, e um ano mais tarde, a República do Havaí foi estabelecida,
com Sanford B. Dole como presidente. Após a anexação (1898), o Havaí se tornou
um território dos EUA em 1900. Com base militar e forte potencial turístico.
Estas
foram as bases do “Destino Manifesto” que foi complementada pelas
políticas de Estado forte no que ficou conhecido como “Doutrina Monroe ou a
América para os Americanos”. Em 1823 - o presidente James Monroe fez
discurso oficial ao senado que foi definidor das ações dos EUA frente aos
países latino-americanos e as antigas metrópoles coloniais. A ideia era “a
expansão dos Estados Unidos sobre o continente americano, desde o Ártico até a
América do Sul, é o destino de nossa raça (...) e nada pode detê-la". Ou
seja, o sonho norte-americano de anexar o Canadá e outros territórios da região
são antigos e datam de 1823, e já completaram 200 anos.
Em
1898 – 1901 – EUA declararam guerra à Espanha alegando ser contrários à
colonização de Cuba e Porto Rico. Além de Cuba Porto Rico, os americanos
anexaram o controle sobre Filipinas, a ilha de Guam, Samoa Americana e Ilhas
Marianas. Essas ultimas ocupações ultrapassaram os limites físicos do continente
americano e chegaram ao pacifico a ao continente asiático e a Oceania, seus
cenários de atuação durante a 2ª Guerra Mundial.
Outra
área de expansionismo foi a construção do Canal do Panamá. Em 1903, os EUA
ajudaram militarmente o Panamá a conquistar sua independência em relação à
Colômbia. Em troca, barganharam o direito de construir um canal que ligaria os
oceanos Atlântico e Pacífico (1914).
Ao
longo do século XX, o intervencionismo ganhou novas interpretações como o
Corolário Roosevelt ou o princípio de guerra preventiva, defendido por George
W. Bush. Colin Powell, secretário de estado do governo George W. Bush, em 2004
disse: "O nosso objetivo com a ALCA é garantir para as empresas
norte-americanas o controle de um território que vai do Polo Ártico até a Antártida”.
Agora
nos resta saber para onde vai a democracia e o neoliberalismo, quando Trump já
tinha avisado que não aceitaria derrota e agora tem maioria absoluta vinda das
urnas, com um poder de manobras radicais ou de 360 graus. Se os imigrantes são
para o discurso de Trump o que os judeus foram para nazifascismo de Hitler e
Mussolini na Europa da Segunda Guerra Mundial. Vejam que massacrar imigrantes é
uma pauta da ultra direita na Europa e nos Estados Unidos, mas a dependência
por imigrantes ainda é bem maior.
As
grandes corporações tanto na Europa quanto na América, são completamente
dependentes de imigrantes, em especial os imigrantes de elevada qualificação docente
e profissional. Outro importante aspecto dos imigrantes é o preço baixo pago a
essa mão-de-obra "ilegal". Será que Trump vai mesmo extraditar os
milhões de imigrantes ilegais ou ao anexar o Canadá ao Estado Norte-Americano
seria uma saída para usar essa mão-de-obra barata em regiões, frias,
montanhosas e isoladas do Canadá seria uma nova forma de exílio tal qual os
russos usaram na Sibéria?
Com
essa eleição de Trump, estamos vivendo o caos da política, pois a extrema
direita conseguiu crescer mais que o fascismo e do que o nazismo no começo do
século 20? Um século depois e caminhamos para o pior dos mundos anteriores as
duas grandes guerras mundiais e pós guerras. Para onde caminha a humanidade, em
um mundo permeado por guerras, tomado por crises ambientais, mudanças
climáticas e neoliberalismo em crise? Será que estamos caminhando para o fundo
do poço, independente das escolhas pouco democráticas e movidas aos bilhões de
dólares? Trump apenas piora o que já piorou muito, em especial nessa última
década, pois não se trata mais de direita ou esquerda e sim de volta do
fascismo e do nazismo em outras pátrias que diziam combater esse extremismo de
direita.
Esse é
o jogo do imperialismo capitalista e suas classes dominantes, inclua-se aí, as
guerras físicas e seu grande negócio militar, as guerras fiscais e as taxas de
juros para o mundo, sansões ou embargos econômicos aos "inimigos" do
sistema hegemônico. Os fabricantes de armas, as grandes empresas de energia e
combustível e o dólar, as megas empresas no topo do mundo. Esses são os reais
interesses das eleições presidencial, dos Estados e Congresso Nacional, em uma
"luta intestinal" entre grupos de direita e extrema direita.
Alguns
estão avaliando que Trump vai atrapalhar os possíveis governantes de esquerda
na América Latina, como Brasil (Lula) e governos do México, Colômbia, Chile ou
Venezuela. Nesse quesito não vejo diferença entre Democratas ou Republicanos.
São farinha do mesmo saco. Trump é apenas mais previsível e direto que os democratas,
mas controlar tudo é propósito dos dois partidos. Agora é o momento de o Brasil
acordar contra algum golpe mais acelerado e se tocar que a Venezuela precisa
mais de apoio do que antes. Ampliar a aproximação com a China, Rússia e Irā são
mais urgentes agora.
Outra
coisa que poderá ser ruim para o Brasil com a vitória de Donald Trump está
vinculada a taxação de produtos estrangeiros. O agronegócio do Brasil sofrerá
um grande impacto, pois Trump vai taxar as comodities do agro e pelo que ele
anunciou, serão aumentos que podem ir de 35% até 100% ou mais. O agro
brasileiro é um grande exportador para os Estados Unidos (café, suco de
laranja, soja, frango, porco, carne bovina, frutas tropicais etc.), então aos
bolsonaristas do agro, eu não estaria tão feliz com a vitória de Trump, a não
ser que gostem de perder dinheiro.
As
ações da extrema direita mundial são contundentes e não estão para
brincadeiras, o outro aspecto geopolítico a ser analisado é a presença do
Brics+, na construção de um mundo multilateral que se choca diretamente com os
interesses geoeconômicos e geopolíticos dos Estados Unidos, portando, não vai
ter arrego com Trump. Os negócios do grupo econômico de Trump, tem muito
interesse na Rússia e aliados, então, será possível uma reaproximação e até
mesmo o completo estrangulamento da Ucrânia, coisa que os russos intensificaram
nesse período das eleições americanas, pois até parece que já sabiam do
resultado pró Trump.
Será
que o sonho americano acabou, foi tomado pelo medo, pela violência discursiva e
pelo fim da democracia de fato? Será que a democracia, que já era rara no
"país das liberdades vigiadas", acabou de vez? Será que os
bilionários das redes sociais irão dominar o mundo, elegendo seus fascistas
favoritos? O mais simples a analisar, nos dias atuais, os EUA agora tem grandes
concorrentes internacionais e a geopolítica das intervenções militares e das
grandes corporações, não estão dando tão certo, como deram desde a dolarização
(1944), OTAN, FMI e Banco Mundial e Guerra Fria. Com a crescente desdolarização
da economia global, os ianques terão que se reinventar.
O
Trump precisa reinventar a América que ele quer para os americanos ou afundar
de vez o sistema neoliberal, pois o BRICS+ estão dando adeus a hegemonia do
dólar e não vai adiantar fazer embargos, sansões e guerras fiscais contra
chineses, iranianos ou russos, pois o mundo em que vivemos é interdependente,
desigual e combinado. Para as esquerdas mundiais um alerta, através de grandes
mídias e de redes sociais manipuladas e muito bem pagas, democracia é uma
palavra que perdeu completamente o sentido, ficou amarrotada e entregue nas
mãos de lunáticos perversos e violentos como o Trump. Isso tudo com a ilusória
participação popular.
Por
Belarmino Mariano. Imagem das redes sociais (BBC Brasil e CNN
Brasil).
Fonte atual
de pesquisa: ICL Notícias (06/11/24); Brasil 247 (06/11/2024); OperaMundi
(06/11/2024); Brasil de Fato (07/11/2024).
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População
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